quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

VINHO DA ITÁLIA – RAÍZES ETRUSCAS E GREGAS

A origem dos etruscos é motivo para demoradas elucubrações e constantes discussões, e explorada por várias teorias. Esse povo habitava uma região balizada pelos rios Arno e Tibre, englobando terras da atual Toscana e chegando até o Lácio. A chegada dos etruscos na região por volta do século XIII a .C., vindos da Lídia (parte da Grécia), é defendida por uma corrente de opinião que se apoia nas características de seus costumes e religião, assim como no nível mais evoluído de civilização. Para completar, a ainda hoje misteriosa língua etrusca utilizava alfabeto com semelhanças ao do grego e diferente em relação às demais línguas dos povos vizinhos.

As cidades etruscas eram as mais avançadas da península italiana. Eram doze as principais cidades, com governo independente, e exerceram notável influência sobre os romanos. A cidade etrusca de Fescênia que ficava bem próxima a Roma, notabilizou-se pela devassidão e costumes libertinos, comportamento que em certa proporção foi muito bem assimilado pelos romanos em suas bacanálias. O certo é que Roma venceu os povos da Etrúria nos anos 200 a .C.

O fato de os etruscos dominarem a vitivinicultura a ponto de exportar vinho para povos para além dos Alpes corrobora de alguma forma a tese de sua origem grega. Segundo diferentes historiadores, o advento dos vinhos italianos está relacionado à chegada dos etruscos, em remotas datas do século XIII a .C.! A mais antiga ânfora para vinho encontrada na Itália data de 600 a .C. e era de fabricação etrusca.

Segundo o site www.alimentação&cultura, os etruscos eram o povo “mais guloso e comilão da terra”, com mesa atendida por muitos escravos que serviam pratos suculentos e grandes taças de vinho. O cenário nos remete à comilança nos restaurantes italianos e o prazer do garçom italiano em ver o cliente se empanturrando!

Paralelamente, gregos que colonizaram o sul da Itália também deram valiosa contribuição quando lá chegaram por volta dos anos 800 a.C.. Trataram imediatamente de iniciar a introdução da vitivinicultura numa vasta região mais tarde conhecida como Magna Grécia.

Nesta parte sul da Itália a produção vitivinícola prosperou a tal ponto que a região recebeu outra denominação, Enótria, a terra do vinho (eno=vinho).

Quando os romanos conquistaram a Magna Grécia e a Etrúria, assimilaram as sólidas práticas vitivinícolas e o vinho passou a ser uma espécie de sombra das tropas romanas por todas partes conquistadas. Nas terras dominadas ocorreu a introdução do vinho, a implantação de vinhedos e o ensino das práticas enológicas.

Foi neste período grandioso do Império Romano que estudiosos clássicos iniciaram estudos científicos sobre a uva, a videira e a vinificação, legando escritos até hoje respeitados e seguidos.

Bebida apreciada por alegrar o espírito nas comemorações humanas, valorizada pelo papel importante na alimentação e empregada nas festas libertinas por seus efeitos inebriantes, o vinho assumiu presença em todas as partes da Magna Grécia, na qual os vinhedos se espalharam em tal medida que chegaram a representar, ao redor do século IV a .C., cerca de 30% da vegetação que cobria os campos! Greco Nero e Aglianico, por exemplo, são duas castas introduzidas pelos gregos.

Ah! Esta pouca gente sabe: os gregos também introduziram um prato feito de massa sovada e aberta em forma plana... que se tornou a mundialmente conhecida como a pizza italiana.

Tendo os romanos dominado gregos ao sul e etruscos ao norte, mantiveram a cultura do vinho e das vinhas, legando para a posteridade uma Itália pródiga nesta bebida e generosa na mesa farta.

Quando tomamos um Barolo, um Amarone, um Brunelo, um Aglianico... e muitos outros néctares italianos, temos na taça mais de 3.000 anos de história vinícola!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

CASA MARIN – BUTIQUE ÍCONE DO CHILE COMPLETA 10 ANOS

Se estou bem lembrado conheci Maria Luz Marin, a simpática Marilu, num stand da Expovinis, lá se vão bons anos, quando degustamos a linha de vinhos de vinificações iniciais da Casa Marin e ouvi explicações da filosofia desse empreendimento.


A chilena Maria Luz Marin é enóloga criativa e competente, que se aplicou num projeto ousado e pioneiro no desconhecido Valle de San Antonio, na pequena cidade de Lo Abarca, a apenas 4 km do mar. Não fossem as características revolucionárias da vinícola, com a sua consolidação, Marilu se tornou a primeira mulher a comandar integralmente uma produção de vinhos no Chile.

Conta ela que, em certa oportunidade, na década de 1990, depois de assistir a palestra de renomado especialista que dedicava altas apologias às grandes vinícolas chilenas, pediu a opinião dele sobre seus planos de explorar vitivinicultura no nível de boutique winery em Lo Abarca. Ele, sem descer do pedestal de sua pretensa grandeza, não titubeou em decretar um julgamento definitivo: ela não deveria desperdiçar dinheiro e tempo num terroir sem a menor chance de sucesso.

Maria Luz Marin, mulher de sólidos conhecimentos e de convicções ferrenhas, não se deixou abater pelas palavras duras do “pretencioso especialista” e, fiel a seus ideais, seguiu seus planos e entrou no novo milênio com as primeiras vinificações do terroir. Não demorou para que os verdadeiros especialistas lhe reservassem especiais distinções, tanto no Chile quanto no Exterior. Robert Parker, por exemplo, destacou os vinhos da Casa Marin com classificações que vão dos 89 aos 92 pontos!

No dia 22 de setembro do ano retrasado, foi realizado um almoço harmonizado na importadora Vinea com vinhos da Casa Marin, ocasião em que pudemos ouvir os sempre interessantes comentários de Maria Luz.



No coquetel, a sopa de alçafrão e o tartar de salmão caíram muito bem com o Cartagena Chardonnay 02, uvas de Casablanca. A entrada, composta de mini abobrinha recheada com camarão e salada verde ao molho de queijo de cabra, casou-se perfeitamente com o Laurel Sauvignon Blanc 05, de Lo Abarca. O prato principal foi perdiz confitada ao azeite de tomilho com batatas gratin, que se revelou perfeitamente harmonizado com o Litoral Pinot Noir 03, de Lo Abarca.

No ano passado, ao revés do que protagonizou aquele falso especialista, a Casa Marin completou 10 anos de existência com uma lista de premiações excepcionais. A empresária assim se manifestou:


"Fue hace 10 años cuando empecé mi sueño y planté las primeras vides en Lo Abarca. La gente pensó que estaba loco, pero ahora, 10 años después Casa Marín es reconocido como uno de los viñedos más atrevidos e innovadores del mundo, mostrando al mundo que Chile sí puede producir vinos Premium de alta calidad! ...

...El año 2010 nos ha dado muchas razones para celebrar. Los muchos premios internacionales que hemos ganados: elegido dos veces como mejor Sauvignon Blanc del mundo, Vinos de Chile nos ha elegido como "Mejor Viña de Chile 2010" .