domingo, 4 de novembro de 2012

TERRAZAS DE LOS ANDES - OS PATAMARES DA MELHOR QUALIDADE

A LVMH, Louis Vuitton Moët Hennessy, detém a propriedade de grandes marcas (grifes) ícones mundiais e disso vem a obsessão pela qualidade sempre em nível alto. A Moët & Chandon é uma das respeitáveis marcas da grande empresa. Em meados da década de 1950 enviou para a América do Sul o seu diretor de enologia, Renaud Poirier, com a missão de investigar regiões de grande potencial para produção de vinhos de qualidade realmente distintiva.

Depois de muitas viagens, terminou sua procura quando encontrou-se na região de Mendoza  na qual ele se aplicou com mais rigor e elegeu a zona de Lujan de Cuyo como o terroir ideal para vinhos de alta gama.

Já existiam na área vinhedos desde que os espanhóis ultrapassaram os Andes vindo do Chile. Mas, algumas bodegas antigas produziam seus vinhos sem conhecer seu valor potencial e, porisso, pediam preço de venda de suas instalações que não refletia o potencial enorme que abrigavam. Uma vez definida a escolha teve início a compra de propriedades e um acompanhamento criterioso do desempenho dos vinhedos e da qualidade dos vinhos resultantes.
 

CUVÉE RESERVA VARIETAL PINOT NOIR
 
Em 1991, o engenheiro e enólogo Hervé Birnie-Scott foi designado para trabalhar na Argentina e  logo percebeu que os vinhos elaborados com uvas de altitude apresentavam predicados especiais em termos de cores, aromas e estrutura. Lançou-se decididamente no desenvolvimento do projeto Terrazas de los Andes, buscando identificar o melhor desempenho de cada casta de acordo com a altitude da localização do vinhedo.
 

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CHANDON BRUT NATURE
 
Para abrigar o projeto foi comprada uma adega antiga, datada de 1898, que foi inteiramente recuperada respeitando seu estilo original e totalmente aparelhada com instalações de primeiríssima geração da Europa.

 

VINHEDO DE MALBEC
 
Nas várias propriedades do grupo havia vinhedos plantados desde o ano de 1925 e as altitudes variavam de 800 metros no Terraza de Cruz de Pedra, 980 metros no Terraza de Pedriel, 1069 metros no Terraza de Vistalba, até 1200 metros no Terraza del Valle de Tupungato.


VINHEDO DE CABERNET SAUVIGNON
 
Os acompanhamentos da maturação das uvas através do conteúdo de açúcar na polpa e da concentração de polifenóis maduros na casca, conduziu ao conhecimento preciso que definiu a melhor altitude para cada variedade. Assim, a máxima expressão do vinho se deu para a Syrah nos 800 metros, para a Cabernet Sauvignon nos 980 metros, para a Malbec nos 1.067 metros e para a Chardonnay nos 1.200 metors.
 

VINHEDO DE CHARDONNAY

Dessas condições decorreram as linhas de vinhos da Terrazas de los Andes.

Os varietais básicos fáceis de tomar, revelam sabor frutado e taninos redondos: 10 a 12 ton. / ha,  6 meses em barricas de carvalho e 3 meses de descanso em garrafa – Malbec, Cabernet Sauvignon, Syrah e Chardonnay. Rotulados originalmente como Terrazas de los Andes, agora levam o nome de Altos del Plata.

Terrazas de los Andes Reserva: varietais premium de estrutura e complexidade - 8 a 10 ton/ha. Para os tintos Malbec, Cabernet Sauvignon e Syrah, de 12 a 14 meses em barricas de carvalho e 6 meses de descanso em garrafa. O branco Chardonnay é fermentado em barrica, passando por carvalho de 7 a 8 meses, descanso de 6 meses em garrafa. O branco Torrontés não passa por carvalho para potencializar seu intenso frescor e incisivos aromas florais.
 
Terrazas de los Andes Afincado: 6 a 8 ton./ha (vinhedo com alta densidade de plantas gera ao redor de 1,2 kg/videira), envelhecimento por 18 meses em barrica de carvalho e 12 meses em garrafa antes da comercialização, varietais de Malbec (vinhedo de 76 anos) e Cabernet Sauvignon (vinhedo de 35 anos). Há um Afincado Tardio de Petit Manseng, fermentado em barrica durante 4 meses, passando por carvalho por 12 meses e descanso de  6 meses em garrafa, exótico e muitíssimo agradável.
 
O "case" Terrazas de los Andes materializa as vantagens da altitude para os vinhos de alta qualidade, seja pela insolação mais intensa, seja pelo ciclo de frutificação mais longo e, ainda, o controle da irrigação. Com adaptações d cada nova região o vinho de altitude é uma realidade que se extende de Mendoza a Salta, aparece na Bolívia e tem manchas importantes no Brasil.
 

sábado, 3 de novembro de 2012

PINOTAGE - AS VINÍFERAS QUE DOBRARAM O CABO DA BOA ESPERANÇA

A África do Sul marcou um enclave europeu no grande continentre africano, fomado por holandeses que se instalaram para montar um "armazém" para prover os navios que por lá passavam. Foi quando se iniciou a plantação de vinhedos para incluir entre os produtos o vinho.
 
Séculos mais tarde, na Universidade de Stellembosch, cidade que é o maior centro vitivinícola sulafricano, o professor Abraham Izak Perold fazia experiências de hibridação de varedades viníferas quando trabalhou com Pinot Noir e a Hermitage (Cinsault na França).
 
Os resultados foram animadores porém do primeiro experimento somente resultaram quatro sementes, contrariando o padrão normal e impondo o desafio de continuar as experiências com essa exígua base de elementos.
 
 O professor não se abateu e, munido de todos os cuidados especiais, continuou o experimento no jardim da sua própria casa na cidade de Welgevallen, plantando as quatro sementes.
 
Ao final de 1927, Perold iniciou trabalho na vinícola gigante sulafricana KWV, em Paarl, para onde teve que se mudar, ficando sua casa abandonada. A universidade enviou jardineiros para uma limpeza dos jardins e um professor auxiliar, Dr. Niehaus, que sabia da história das quatro sementes, fez questão de visitar a casa antes da capina e resgatou todas as videiras resultantes.
 
Essas plantas foram levadas para o viveiro do Eisenburg Agricultural College e, como plantas francas (não enxertadas) foram cuidadas pelo Prof. Theron que passou a enxertar seus galhos em vários tipos de cavalo (galho especial enrraizado que recebe o enxerto) durante 1935 e selecionou as quatro videiras da enxeretia com o melhor resultado.
 
Perold e Theron visitaram o viveiro com as  quatro videiras  enxertadas e mudaram a denominação original de "Perold"s Hermitage x Pinot Noir" para o nome definitivo de Pinotage. O melhor resultado das quatro videiras foi escolhidio para a propagação da nova variedade em um vinhedo formado na escola de Eisenburg. O primeiro vinho foi vinificado em 1941. Logo o primeiro vinhedo comercial foi implantado na região em 1943.
 
No concurso de vinhos da Cidade do Cabo, o Cape Town Show 1959, em seleção feita em degustação às cegas  por profissionais, a amostra Pinotage da vinícola Bellevue, saiu-se campeã do evento, o mesmo acontecendo em 1961, com a amostra da vinícola Kanonkop. Essas amostras não foram consideradas vinhos de expressão, mas indicaram o caminho para o refinamwento da variedade edos seus vinhos. 

 O vinho da Pinotage não repetiu a palidez e o elegante corpo leve da Pinot Noir, assim como não copiou a leveza e a maciez rústica da Cinsault. Desde o princípio seu vinho apresentou aromas próprios de amoras silvestres e um incisivo tanino persistente.  Como defeito grave inicial, aromas químicos lembrando acetona.
 
A videira de Pinotage tem uma performance muito boa no vinhedo, oferecendo safras robustas de uvas de cor bem forte, maturação completa e boa acidez fixa residual, qualidades que incentivaram as maiores atenções dos produtores a partir da década de 1990.
 
Para incrementar a qualidade, eliminar o toque alcoólico agressivo, as vinícolas lançaram-se a um programa de menor produtividade dos vinhedos e de execução da colheita um pouco antes da maturação completa (redução dos açúcares, logo do álcool). Nas adegas a fermentação passou a ser conduzida a uma temperatura mais alta resultando na eliminação pior evaporação dos éstereis voláteis responsáveis pelos aromas químicos de acetona no vinho.
 
Em 1991, passados os tempos obscuros da política racista do país, teve início uma nova onda de produção de vinhos de mais qualidade baseados nas castas Pinotage, Cabernet Sauvignon e Chebnin Blanc. No International Wine and Spirits Competition, em Londres, a amostra de Pinotage da vinícola Kamnonkop recebeu aprecação especial por parete do Robert Mondavi que premiou-a como "the best red wine" do evento.
 
Desde então, o vinho de Pinotage ganhou as taças do mundo, com suas características típicas de agradabilidade. Nos bons exemplares de Pinotage, observa-se a cor púrpura profunda, portando para o olfato um sutil traço de borracha queimada, dominado por um leque de aromas vegetais e de frutas como a ameixa, banana, groselha preta e casca seca de laranja. Não raro, toques aromáticos remetem para o couro de luvas e o chocolate.