sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

EU E O DOUTOR CRIANZA

Não me lembro onde foi que conheci o Señor Crianza. Na Catalunha, na Rioja...sinceramente não me lembro. Só sei é que ele é dono de uma cabeça privilegiada além de um grande enólogo, desses que se prendem às raízes originais da enologia e gosta de trabalhar sem artificialismos cada passo da vinificação até o momento do serviço na taça.

Como anfitrião de tão importante figura, do vinho mundial organizei roteiros para resultar num diversificado painel de degustação de vinhos finos brasileiros,dos diversos níveis de qualidade..

Para alimentar uma discussão produtiva pesi-lhe que sempre usasse da maior sinceridade nas avaliações, rigor nas críticas e critério nos comentários finais. Assim combinados iniciamos uma verdadeira viagem enológica através do vinho brasileiro. Conversávamos sobre as características de cada vinho, eu explicava detalhes importantes da regiãode origem, digamos do terroir e, depois de enquadrado, degustávamos o vinho para sentir seus predicados e defeitos mais sensíveis.

Iniciamos comum Merlot de boa procedência, afinal esta casta muitas vezes é classificada como a casta ícone do Brasil. Comentei que no vale de onde se originava, o clima não era tão camarada assim, com o clima úmdo dominando boa parte dos anos-safra. Franziu o nariz e opinou.” Este Merlot, apesar de famoso para vocês, pelas suas explicações não poderia apresentar toda esta cor! O mosto certamente foi corrigido com aditivos biotécnicos como taninos sintetizados e proteínas especiais”.

Com algumas taças de Chardonnay degutadas, criticou: “Da maioria das regiões produtoras saem produtos iguais, todos com exageradas frutas tropicais, como que pasteurizados com alguma anilina. Mas não é este o procedimento. O Chardonnay traz essa marca do Novo Mundo que dificilmente produz exemplares distintivos.

Fiz uma coleção de vinhos tintos e brancos, das mais diferentes origens. Servimos as taças e, sem minhas explicações prévias, pedi par que ele fizesse um vôo às cegas, já que não iria conseguir entender nada dos rótulos.

Numa primeira passagem somente avaliando olfativamente, o velho separou um bom número de garrafas: eram tintos com excesso de pirazina, eram, brancos grosseiramente herbáceos.

Da coleção de garrafas que sobraram, identifiquei as castas e os cortes.

Na segunda passagem, alternando degustação gustativa com lavagem da boca com água e pão,  foi separando muitas taças de vinhos tintos e algumas de brancos, reclamando que o uso abusivo de chips de madeira: “São vinhos chipados, os chips além de não esconderem os defeitos, não aportam a nobreza artificial com que se almeja enganar o consumidor”.

 Vendo meu semblante de desânimo, observou com firmeza:

 Na França dos quase 6 bilhões de litros anuais, pelo menos, 3 bilhões são muito ruins! Na produção brasileira, tirando so vinhos de híbridas, não acredito  que a proporção seja tão alta de vinhos baixa qualidade.






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