Fruto de uma série de
reuniões e de debates entre as entidades representativas dos produtores de uva,
cooperativas, vinícolas e processadoras de suco, o setor assinou na noite desta
terça-feira (17), na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores da
Cunha, um acordo que visa estabelecer diretrizes para modernizar e qualificar a
produção vitícola e seus derivados no Rio Grande do Sul. Os
termos do documento visam estimular o agricultor a fornecer uvas com melhores
padrões de sanidade e maturação, proibindo o uso da fruta com baixo teor de
açúcar para elaboração de suco de vinhos. Na outra ponta, visa fortalecer os
vínculos das vinícolas com seus fornecedores a fim de dar garantias de
recebimento e pagamento da safra. Assinaram o acordo o Instituto Brasileiro do
Vinho (Ibravin), a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), a Federação das
Cooperativas Vinícolas do Rio Grande do Sul (Fecovinho), a Associação Gaúcha de
Vinicultores (Agavi), o Sindicato Rural Patronal e a Comissão Interestadual da
Uva.
“O documento demonstra que as
entidades têm toda a boa vontade de buscar uma condição melhor por meio de um
denominador comum. O mais importante neste momento é que saímos alinhados sobre
a necessidade focarmos na qualidade seja por parte do produtor de uva, da
indústria e do mercado”, declarou o presidente do Instituto Brasileiro do Vinho
(Ibravin), Alceu Dalle Molle. “Sempre pregamos a qualidade, mas agora estamos
colocando no papel algo que é de suma importância para o futuro do setor. Este é
o primeiro passo de muitos que iremos dar de forma conjunta”, salientou o
presidente da Comissão Interestadual da Uva, Olir
Schiavenin.
Uma tabela com a graduação mínima
para recebimento das uvas pelas empresas apresenta valores progressivos até
2017. Em cinco anos, a moscato branco para elaboração de espumantes não poderá
ter menos que 14 graus babo e as demais variedades viníferas, 18 graus babo. Já
nas variedades destinadas ao suco de uva e vinhos de mesa, a graduação mínima
estabelecida é de 14 graus para a bordô e de 15 graus para as demais americanas
e híbridas.
O documento também estipula que as
vinícolas empreendam esforços na realização de contratos de longo prazo e de
prestar assistência técnica a seus fornecedores, assim como agilizar o
recebimento da uva no momento da entrega pelos produtores. “Este acordo vai ao
encontro do plano de ajuste e modernização proposto pelo setor vitivinícola que
prevê investimentos de R$ 200 milhões em vinhedos, na parte de elaboração e no
mercado nos próximos quatro anos”, explica o presidente da União Brasileira de
Vitivinicultura (Uvibra), Henrique Benedetti.
O ajuste é positivo para todos os
lados, pois vamos dispor de produtos de melhor qualidade para o consumidor já
que retira do mercado os sucos e vinhos produzidos com uvas de baixa qualidade.
Ao mesmo tempo, estimula o produtor a investir em tecnologia e modernização,
pois ele receberá uma remuneração maior”, acrescenta o presidente da Associação
Gaúcha de Vinicultura (Agavi), Eumar Viapiana.
O documento assinado na presença do
diretor de Política Agrícola e Informações da Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab/Dipai), Silvio Isopo Porto, ainda estabelece compromissos
para a União e o governo do estado na intensificação do uso de políticas
públicas de garantia dos preços mínimos e de escoamento da produção para
equilíbrio dos estoques. Para garantir que os termos do acordo sejam cumpridos,
as instituições se comprometeram a buscar junto aos órgãos governamentais a
priorização do acesso aos recursos das políticas públicas às empresas e
viticultores que estejam cumprindo as regras
estabelecidas.
“O acordo é um passo para a produção
efetiva de qualidade, pois foi amplamente discutido entre todos. Sabemos que
ainda não é o suficiente para atender aos diferentes interesses da cadeia
produtiva, mas o mais importante é que o setor está unido, sabendo respeitar as
diferenças naturais que existem”, comentou Porto. “Este é um acordo feito entre
o setor privado e que o governo vê com muito bons olhos”, concluiu o
representante do governo federal.
Nas próximas semanas os dirigentes
da cadeia produtiva se reunirão novamente para estabelecer questões como o preço
mínimo para a próxima safra, a tabela de ágios e deságios para a uva de acordo
com o grau de maturação e variedades e o estabelecimento de prazos de pagamento
da produção.
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