segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

PINOTAGE - UMA HÍBRIDA QUE DEU CERTO!


 

As híbridas não são o modelo de base para vinhos que merecem comumente a admiração dos vitivinicultores e dos apreciadores de vinho, mas o cultivar híbrido Pinotage tem recebido aprovação e difusão através do mundo vitivinícola. 
 
O hibridador responsável foi o Prof. Abraham Perold da Universidade de Stellenbosch, centro da indústria do vinho na África do Sul que, em 1925, cruzou Pinot Noir com a Cinsault (lá conhecida como Hermitage).

Deste cruzamento ele conseguiu ter somente quatro sementes, fato inusitado e complicador para continuar suas experiências. Porém, sem se abater, o professor muniu-se de cuidados especiais e plantou as quatro sementes no jardim de sua casa de Welgevallen.

Ao final de 1927, Perold foi trabalhar na vinícola gigante KWV, em Paarl, para onde teve que se mudar, ficando sua casa abandonada. A universidade enviou jardineiros para uma limpeza do terreno da casa e o Prof. Niehaus, que sabia da história das quatro sementes, fez questão de visitar a casa antes da capina e resgatou as videiras.
 
Essas quatro plantas conhecidas como Perold's Hermitage-Pinot foram replantadas no viveiro da Eisenburg Agricultural College, onde alimentou as experiências do Prof. Theron que enxertou-as sobre quatro tipos de estaca cavalo. 
 
Perold ficou muito animado com o potencial das videiras enxertadas e conversando com Theron, resolveram mudar Pinotage e selecionar a videira de maior vigor que tornou-se matriz para material de difusão da nova variedade.
 
O primeiro vinhedo dessa propagação da Pinotage foi formado pelo Prof. Waal em Eisenburg que alimentou a primeira vinificação em 1941, tornando-se forte argumento para a formação do primeiro vinhedo comercial de Pinotage na região, em 1943. Em distintos concursos de vinhos sulafricanos as amostras de Pintage ficavam sempre em primeiro lugar  até que, em 1969, foi iniciado o engarrafamento e a comercialização.


O vinho da Pinotage não repetiu a palidez e o elegante corpo leve da Pinot Noir, assim como não copiou a leveza e a maciez da Cinsault. Desde o princípio seu vinho apresentou aromas próprios de amoras silvestres e um incisivo tanino persistente, enfim, tipicidade própria.  Como defeito grave inicial, aromas químicos lembrando acetona.
 
 
Quando, em 1991, a África do Sul encerrou a vigência de leis de segregação racial, a produção do vinho de Pinotage foi retomada e, neste ano, a amostra da Kanonkop no grande concurso Wine and Spirits, Londres, foi considerada por Robert Moldavi "the best red wine" do evento.
 
 
Vinícolas de melhor nível passaram a um trabalho de melhoramento do vinho através da redução da produtividade das videiras e da escolha da época melhor para colheita da uva. Na adega passou-se a conduzir a fermentação à temperatura mais alta, conseguindo assim por evaporação, eliminar os aromas químicos com traços de acetona.

Nos bons vinhos de Pinotage observa-se a cor púrpura profunda, portando para o olfato um sutil traço de borracha queimada, dominado por um leque de aromas vegetais e de frutas como a ameixa, banana, groselha preta e casca seca de laranja. Não raro, toques aromáticos remetem para o couro de luvas e o chocolate.

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