domingo, 15 de abril de 2012

SANTA CATARINA - ORIGENS DA VITIVINICULTURA DA GOETHE

O plantio de vinhedos e a elaboração de vinhos em terras catarinenses tiveram início efetivo a imigração italiana para o litoral deste estado, para trabalhar nas minas de carvão, a partir de 1875. Esses italianos vieram da parte nordeste da Itália, com forte ligação com a Áustria, da qual pouco tempo antes fizeram parte.

Como influência desta ascendência austríaca,  os imigrantes italianos trouxeram feixes de galhos de uma videira desenvolvida pelo especialista vitícola austríaco Goethe, e plantaram em quintais e terrenos na espernça de ter vinho da uva trazida da terra natal.


Ocorre que esta uva austriaca chamada de Goethe não era videira produtora, mas sim cavalo porta-enxerto Rupestris 1, que cresce em luxuriante vegetação, mas que não frutifica.

Anos mais tarde, por volta de 1908, foram realizados os primeiros plantios da região de Urussanga com a híbrida branca desenvolvida pelo americano Rogers, mudas trazidas para o Brasil pelo viveirista Francisco Marengo, compradas e levadas para Urussanga por Caruso McDonald. Esta sim era uma videira produtora direta, a conhecida Goethe, que resultou nos primeiros vinhos em 1911.


Os vinhos de Goethe, brancos de aroma e sabor acentuados, característicamente amoscatelados,  fizeram bom nome na região e cresceram pelo sudeste brasileiro até a década de 1960/1970, quando passaram a descrever um declínio e ocorreu o fechamento de muita cantinas tradicionais e expressivas. Atualmente está em curso um processo de resgate local desta atividade com novos vinhedos ou reforma de existentes.

O vinho branco seco de Goethe (híbrida 84% vinífera e 14% americana) tem muita personalidade mostrando especialmente traços amoscatelados de sua ascendência Moscatel.

A qualidade atual ainda necessita de um grande trabalho a fim de transformar o vinho de Goethe seco e incluí-lo nos padrões internacionais. Para isso, reforma de vinhedos em latada para espaldeira, trabalhos de poda seca e verde, desfolha e, principalmente, redução forte na produção de uva por videira.

Pela tipicidade e qualidade potencial, o trabalho com a vitivinicultura da Goethe é uma imposição e, tenho certeza que no futuro teremos muitos rótulos desta variedade, sem adição de açúcar de cana.  

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