terça-feira, 5 de junho de 2012

UMA VINÍCOLA MOVIDA A PAIXÃO BIODINÂMICA

Já falamos várias vezes da Vinícola Santa Augusta e sua criatividade muito além do estado-da-arte da vitivinicultura brasileira.  Filhas de dois irmãos empresários de primeira grandeza no mundo da embalagem plástica, Taline e Morgana de Nardi, repetem os passos paternos e dirigem uma das mais inovadoras vinícolas brasileiras

Assim fioi no capítulo em que lançou o primeiro vinho passito nacional, assinado pelo engenheiro agrônomo, enólogo e sommelier Jefferson Sancineto Nunes.


A VSA nasceu em 2003 tratando da preparação do terreno e da implantação dos primeiros vinhedos, na sua propriedade em Videira, CS, em altitude superior aos 1.000 metros. Ali dispuseram talhões de Cabernet Sauvignon, Merlot e Moscato Giallo, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Cabernet Franc, Carmenère, Malbec e Montepulciano. Outros vinhedos ficam na cidade de Água Doce, SC, em altitude que toca os 3.000 metros acima do nivel do mar.

Na primeira vindima, numa vinificação ainda em caráter exploratório, para um pré-lançamento em 2008, teve os vinhos Tapera Augusta 2006, um tinto robusto Cabernet Sauvignon / Merlot, um elegante branco Chardonnay e o refrescante Moscato Giallo. Tive a oportunidade de degustá-los e aprová-los como bons caldos.


Em outubro de 2010, Jefferson apresentou a idéia de iniciar a reconversão dos vinhedos das duas propriedades para o manejo Biodinâmico às sócias da VSA, uma vez que já seguiam um manejo que proporcionava redução significativa do uso de fungicidas e eliminação do uso de herbicidas.

Uma condição muito importante foi o apoio decidido das duas sócias, Taline e Morgana que encararam com cotagem e naturalidade o desafio. Até então, a Biodinâmica era encarada como um manejo difícil de ser seguido no sul do Brasil. Na sua propriedade em Flores da Cunha, Jefferson já fez múltiplas experiências biodinâmicas com muito sucesso.


O trabalho teve início com a aplicação do preparado PB 500 (chifre-esterco) para revitalizar o solo no outono e na primavera de 2011. Seguindo sempre o período ideal do calendário biodinâmico, executou-se a poda seca e as demais práticas vitícolas, como o desbrote, a desfolha, a remoção das feminelas e a desponta. No momento determinado pelo mesmo calendário, fez-se a aplicação do preparado PB 501 (Chifre sílica).
Para a prevenção das doenças fúngicas, foram feitas pulverizações regulares com o uso do chá de cavalinha e depois com sulfato de cobre, produto ancestral da agricultura primeira do homem, que é autorizado pela Viticultura Biodinâmica. Durante o ciclo vegetativo foram realizadas capinas manuais da a faixa onde se encontram as plantas.



Assim descrito pode até parecer muito fácil a condução de um vinhedo biodinâmico, mas na verdade é necessário um envolvimento muito grande de toda a equipr que deve ficar de olho muito aberto e vistoriar permanentemente os vinhedos e captar os sinais que as plantas estão nos dando. As videiras conversam com o viticultor, que deve ter bom senso e ao menor sinal de um ¨problema¨ ou situação desfavorável fazer uso dos recursos biodinâmicos mais adequados. A prevenção é a alma do negócio.

Outro fator crucial é o engajamento total de toda a equipe na filosofia Biodinâmica. Isso vale desde os proprietários da vinícola até o funcionário que terá que dinamizar (diluir e misturar bem bem) os preparados Biodinâmicos e aplicá-los nos vinhedos. O menor descuido deságua em perdas.

Nos vinhedos de Água Doce não foram observados problemas de doenças e da sua produção foi possível elaborar o primeiro vinho tinto de uvas cultivadas no manejo Biodinâmico. Esse vinho foi baseado nas castas Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc e apresentou durante toda a fermentação alcoólica uma regular cinética de fermentação, ausência de pirazina e aroma bem frutado. Esse vinho apresenta uma grande estrutura, com taninos de ótima qualidade e uma cor muito intensa e atraente.

A grande recompensa desta empreitada fica pela constatação em comparações diretas de tipo e estilo, nas quais oa vinhos biodinâmicos têm  ampla vantagem no nariz e na boca. A estrutura e o corpo dão a nota final de apreciação.  

Com a produção es-timada em 65.000 garrafas por safra, os vinhos e espumantes entram no mercado brasileiro apenas em restaurantes e casas especializadas.

Informações adicionais: Taline ou Morgana De Nardi - Vinícola Santa Augusta Ltda - Tel.: (49) 3533-8181 - www.santaaugusta.com.br





               

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