quinta-feira, 7 de junho de 2012

WINES OF CANADA - A QUALIDADE QUE GANHA O MUNDO

Na primeira vez que estive visitando o Canadá, no início da década de 1980, especificamente nos arredores dos grandes lagos, conheci vinhos de muita simplicidade, filhos da transição das videiras americanas para as francesas iniciada em 1975. Ainda havia muitos rótulos de híbridas das castas De Chaunac, Concord e outras.
Em 1989 o Canadá assinou um acordo de livre comércio com os Estados Unidos e como consequência, muitas vinícolas locais passaram a erradicar as videiras americanas, reconvertendo seus vinhedos para variedades viníferas, enquanto outras encerraram suas atividades.   Desde então os vinhedos têm sido replantados com castas européias, empregando mudas compradas de viveiros franceses e alemães.


Vitis americana Concord - muito usada para elaboração de vionhos espumantes. 

Nos climas menos adequados para o cultivo das viníferas clássicas, os canadenses plantaram uvas viníferas de menor expressão como Bacchus, Madeleine e Ortega. Algumas híbridas de melhor desempenho sobreviveram, como é o caso mais expressivo da Vidal utilizada na elaboração de Icewine de sucesso mundial.
Com essas medidas básicas, a vitivinicultura canadense pode pensar em estruturar uma indústria de vinhos com qualidade mundial, fato incrementado pelo concurso de experimentados minemakers da Europa que puderam trabalhar em modernas instalações vinícolas e forçaram a mudança definitiva para o uso de barris de carvalho. Mas, ainda havia alguns vícios nas vinícolas canadenses que eram autorizadas a fazer blends com vinhos importados, rotulando-os como vinhos do Canadá!




A falta de disciplina desta indústria foi alvo de resquícios de controle impostos pelo Wine Content and Labelling Act, que passou a vigir em 2001. Entre outras exigências, estabeleceu que as vinícolas que faziam blends com vinhos importados deveriam compor com, pelo menos, 30% de vinhos canadenses!!! Esta proporção subiu, anos mais tarde, para a mínima participação nacional de 75%.. Enquanto isso, na British Columbia, as vinícolas vendiam vinhos "Bottled in British Columbia", indicando o país de origem dos vinhos utilizados.
Enfim uma enorme confusão para os consumidores e para os profissionais do vinho!



Modernamente, os vinhos genuinamente canadenses levam a a classificação VQA - Vintners Quality Alliance, programa disparado em 1989 em Ontario e, mais tarde, na British Columbia. Tem sido um longo e árduo caminho na direção de vinhos realmente de qualidade. As divergências entre regiões impôs entraves que, felizmente, na atualidade estão cedendo lugar para um maior entendimento.

Quem está ganhando somos todos nós, enófilos e profissionais da enogastronomia, que podemos hoje provar grandes vinhos tintos e brancos, VQA, genuína alma canadense, cuja qualidade e expressão podem ser provados na taça!









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