Essa questão da denominação geográfica da origem de um determinado vinho trata da proteção da propriedade maior de um lugar, que é seu próprio nome. No Brasil, na Argentina e na Califórnia, como exemplos, muitos erros foram cometidos na rotulação de vinhos procurando imitar regiões de grande expressão como Borgonha, Chablis etc. No Brasil esta prática já está abandonada, a menos da questão do vinho espumante champagne que a Peterlongo insiste em manter utilizando.
Peterlongo, o pioneiro diante dos pupitres. (peterlongo)
No caso da Peterlongo, seus responsáveis sempre se basearam na anterioridade do uso. Essa vinícola brasileira foi fundada em 1913 por Manoel Peterlongo e, desde então, rotula seus espumantes erradamente como champagne. Mais recentemente, questionados, se apegam ao fato de que esta prática teve início antes da criação oficial da denominação de origem que garante sòmente aos franceses da Champagne o emprego do nome champagne aos vinhos espumantes. Recentemente o Brasil reconheceu oficialmente esta denominação de origem da
Champagne.
Linha de produção dos velhos tempos! (peterlongo)
De acordo com o site da empresa, ela ainda briga por manter a expressão “champagne”, informando que tem direito garantido:
“Contrapondo-se a proposição de que o termo champanhe somente possa ser usado na região de Champagne, na França, a Vinícola Peterlongo obteve, através do Supremo Tribunal Federal, direito à utilização e divulgação do nome na apresentação de seus produtos. Essa prática ocorre desde 1913, quando a vinícola iniciou seus trabalhos. Após um processo movido por uma empresa francesa, a Peterlongo obteve judicialmente o direito ao uso do termo de acordo com a lei 78.835.”
Túnel subterrâneo com pupitres em utilização (peterlongo)
Apesar dessa grande força para argumentações, a utilização do nome da região que acabou caracterizando os espumantes nela produzidos, não deixa de ser um enorme contrasenso porque a cidade gaúcha de Garibaldi tem sido origem de excelentes espumantes brasileiros e a cidade francesa da Champagne continua sendo a única e exclusiva origem dos champagnes.
Como o Brasil acaba de reconhecer oficialmente a proteção à indicação geográfica Champagne neste último mês de abril, a continuidade da utilização de uma denominação de origem pela Peterlongo é uma atitude na contramão da tradição, da cultura enológica e da legislação vitivinícola internacional.
Peterlongo: trabalho com as garrafas (panoramio.com)
A Peterlongo vende seus espumantes porque são de muito boa qualidade e não porque são rotulados equivocadamente de "champagne". Vamos continuar tomando os bons espumantes Peterlongo, no máximo rotulados como champanhe, deixando de lado aquilo que não é justo e nem real, e que, no fundo, não passa de uma propaganda enganosa.
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