terça-feira, 9 de agosto de 2011

CHAMPAGNE – O LONGO CAMNHO PARA AS ESTRELAS


A região francesa da Champagne, origem do espumante mais famosos do mundo, o champagne, foi lugar de passagem de videiras primitivas (ampelídeas) em sua migração milenar do Polo Norte para o refúgio final na Armênia e geórgia. Isso ocorreu há milhões de anos, conforme atestam fósseis da Vitis Sezannensis, que na Era Terciária floresceu em terrenos nos arredores da cidadezinha de Sèzanne. Como meros fósseis somente atestam a passagem de videiras selvagens por lá, ficando a formação de vinhedos dependentes da chegada dos romanos, que deram início à vitivinicultura.

A atividade vinícola na região é mais que milenar e, desde seu início, desenvolveu a produção de vinhos tranqüilos que apresentavam uma longínqua semelhança com os da Borgonha, com a qual debateu-se em acirrada disputa na comercialização.

Além da desvantagem de pouca resistência dos vinhos da Champagne ao transporte, o golpe de misericórdia caiu sobre seus produtos quando os médicos de Luís XIV indicaram seus rivais da Borgonha como os melhores para a saúde.


Paralelamente, vinhos espumantes eram conhecidos em algumas regiões européias por sua tendência a refermentar naturalmente sob os efeitos do clima da primavera. A refermentação natural gerava pressão interna nas frágeis garrafas da época, que estouravam ou lançavam suas toscas rolhas de pano à distância. Esses vinhos, tidos pelos vinhateiros como “vinhos do diabo” ou “arranca-rolhas”, com a refermentação punham a perder o líquido engarrafado.

Passaram-se cerca de 350 anos, quando o monge beneditino Dom Pérignon, da abadia de Hautevillers, situada pouco acima da cidade de Epernay, na Champagne, passou a estudar a vinificação dos vinhos aí produzidos, com o objetivo de combater o mal do “vinho do diabo”.


Estudou fatores decorrentes dos vinhedos, bem como detalhes da vinificação. Testou distintas castas como Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier em varietais e em cortes, determinando os contornos do método para a elaboração de um vinho de alta qualidade. Apesar de não conseguir reduzir a segunda fermentação de seus vinhos, descobriu os caminhos da qualidade das castas e seus diferentes cortes.


Tendo perdido a batalha para eliminar o diabo dos vinhos (gás carbônico), com ele fez um pacto e dirigiu seus esforços para aprisioná-lo. Com os ingleses, conseguiu garrafas mais robustas e, com os íberos, rolhas de cortiça de corpo maciço. Assim, o diabo não exorcizado foi aprisionado na garrafa e tornou-se uma bênção divina! Com a versão primitiva do que seria o método champenoise, o abade pode exclamar: "Venham ver, estou bebendo estrelas".

(IMAGENS DOM PÉRIGNON - LVMH)



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