Nas primeiras vendas para clientes distantes, os vinhos da Armênia ou da Geórgia, desceram o rio Eufrates, para um mercado de nobres e potentados da Mesopotâmia. O vinho preenchia os vazios dos troncos de palmeiras, que formavam pilhas em barcos de casco de couro e viajavam rio abaixo até o destino final. Para voltar, os barcos eram desmontados e colocados nos lombos jumentos ali adquiridos.
Nesta rota de comercialização foi ocorrendo o espalhamento gradativo das videiras pelo Oriente Médio, via rio Eufrates, formando vinhedos nas terras da Síria, Fenícia e Cananéia, que se tornaram novos trampolins de difusão, agora por via marítima, para outros pontos do Mediterrâneo.
Para essa nova fase, via navegação mediterrânea, os cananeus desenvolveram as ânforas, um recipiente barato para o transporte do vinho. Este vasilhame, relativamente resistente e totalmente reaproveitável, mostrou-se adequado aos transbordos das viagens e à armazenagem nos postos de comercialização. As ânforas permitiram a comercialização do vinho e a difusão da vitivinicultura pelas ilhas e terras litorâneas do mar Egeu, especialmente Creta. Dentro das ânforas o vinho tornou-se patrimônio do Mediterrâneo que foi se irradiando pelas terras interiores da Europa, sucessivamente pelas mãos dos fenícios, gregos e romanos.
Nas andanças gregas e no império egípcio, as ânforas eram tampadas com batoques de madeira ou de cortiça. Com o passar do tempo, no correr da Idade Média, a madeira mereceu preferência.
Em 1680, com a invenção inglesa do vidro soprado, as garrafas passaram a ser utilizadas no serviço do vinho à mesa. Eram recipientes na forma de cebola com pescoço cônico e longo, que não tinha padrão de forma e de dimensões, variando de uma peça para outra. Para o fechamento eram usados tocos de madeira na forma de batoques cônicos, enterrados parcialmente no gargalo, deixando uma parte para fora que permitia sacá-los manualmente.
Um alicate com a ponta em forma de fortes pinças foi o primeiro saca-rolhas, ou melhor, um saca-tocos!
Para as garrafas mais requintadas as tampas eram feitas de vidro ou cristal usinado exigindo ajuste uma a uma ao respectivo gargalo.
Ao redor de 1740, as garrafas passaram a ser sopradas em moldes, tomaram a forma cilíndrica e ganharam mais regularidade do gargalo, abrindo espaço para o aprimoramento das tampas, quer batoques de madeira, quer de cortiça.
Na evolução do fechamento das garrafas, passou-se a utilizar batoques sem deixar uma porção projetada para fora, e a abertura evoluiu (ou involuiu ?) para se tornar um furo na tampa, feito por um pequeno trado (furadeira manual), por onde passava o vinho a ser servido. A queda de detritos no vinho não foi do agrado de muita gente e esta reação pressionou a invenção de novos dispositivos para sacar realmente a tampa.
Por associação de idéias, vendo a forma helicoidal do trado, verificando a elasticidade da cortiça que se alargava na introdução e se fechava na retirada a hélice, deu-se o advento do saca-rolhas, agora sim, saca-rolhas mesmo!
No final, a rolha foi colocada inteiramente no gargalo, melhorando a vedação e a conservação do vinho que, permanecendo quimicamente em paz, ganhou vida mais longa para revelar seus predicados mais complexos.
A evolução gradual da garrafa e da rolha construiu a possibilidade de refinamento do grande prazer da degustação. Este novo contexto permitiu a geração de uma extensa coleção de saca-rolhas: uns com haste helicoidal, outros com duas hastes lisas e uns terceiros com injeção de ar ou de gás inerte.
A variadíssima coleção de tipos e modelos de saca-rolhas dá margem a muita conversa, porém, o melhor é dar uma idéia geral resumida.
Os antigos e mais simples funcionam por tração direta , o da dieita não oferece referência para se centralizar a penetração da espiral. Não raro exige muita força para retirar a rolha. Pode causar choque no momento da abertura.
O tipo companheiro do garçom, tem uma lâmina para cortar o topo da cápsula e uma haste lateral que faz o papel de braço de alavanca, tornando mais fácil a retirada da rolha. O sommelier minimiza o choque de abertura. Na Figura abaixo o modelo da esquerda é o comum com abertura em um estágio (ação simples); o modelo da direita é de dupla ação, permitindo a abertura mais suave em dois estágios.
Na figura seguinte temos dois tipos de saca-rolhas pneumático: o de cima, ao ser bombeado introduz ar que expulsa a rolha; o debaixo, ao ser acionado impele gás comprimido. Existem críticas aos dois, especialmente ao de gás inerte.
Na figura seguinte podem ser observadas diversas dimensões de rolhas o que é bom para lembrar que o saca-rolhas deve estar adequado ao comprimento da rolha para não ultrapassá-la e sujar o vinho. A espiral tem que apresentar a secção transversal da forma circular e nunca o perfil cortante.
Agora é apanhar a garrafa, escolher o melhor saca-rolhas e praticar uma grande sacada!
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