segunda-feira, 29 de agosto de 2011
A HORA E A VEZ DOS VINHOS ECOLÓGICOS
No princípio, tudo era naturalmente orgânico. Não havia excesso de população, poluição exacerbada, predação da natureza, não existia o aquecimento global ou as catástrofes como as que tem ocorrido ultimamente.
Em tempos mais afastados, os antigos sempre aconselharam a colheita de frutas quando ocorriam as primeiras picadas por algum pássaro frugívoro, numa certificação de qualidade fornecida pela própria natureza! No caso da uva, elas estavam na sua madurez plena.
Segundo contou o viticultor francês Jean Pièrre Amoreau, lembra ele que ao término da Primeira Grande Guerra havia enormes sobras de matéria química destinada à fabricação de artefatos bélicos.
Aproveitando-se dos ataques de fungos e outras pragas nos vinhedos, governos e empresários apressaram-se em desenvolver aplicações para consumir todo aquele material excedente e uma delas foi a produção de defensivos e fertilizantes agrícolas.
Esta prática sustentou a expansão dos vinhedos e contribuiu para que a geografia vitivinícola fosse ampliada mundo afora até em zonas de clima úmido. Nasceu e cresceu a viticultura química.
Em contraposição à agressividade dos tratamentos químicos, parte dos produtores tradicionais mantiveram-se nas práticas da agricultura ancestral, a viticultura orgânica, que faz o cultivo com elementos naturais sem o concurso de aditivos químicos.
Nas primeiras décadas de 1900, ganharam força na Europa os princípios da antroposofia de Rudolf Steiner, preconizando o equilíbrio e a harmonia do ecossistema universal, inaugurando a viticultura biodinâmica..
Segundo esta filosofia, o agricultor segue um calendário agrícola especial decorrente da influência do ritmo cósmicos da ua, Sol e outros planetas sobre as plantas. Conforme o posicionamento cósmico do dia e as inter-relações dos fatores decorrentes, será executada a poda ou outros tratos culturais. A área de cultivo busca tornar-se um organismo integrado, com a nula introdução de recursos e insumos externos.
Inicialmente havia, por total desconhecimento, certa desconfiança contra os vinhos orgânicos os quais, a priori, eram tidos como isentos da vivacidade presente nos vinhos ditos normais. Puro engano por falta de degustação deste tipo de vinho.
Mas numa civilização massificada pelas batatas fritas dos fast foods e pela odiosa vozinha da Hello Kitty, o que se observa é uma crescente fuga desses lugares-comuns e a procura por produtos ecológicos, situação que transforma gradativamente os vinhos biodinâmicos e orgânicos não mais em modismo, mas em produto de alto valor comercial.
No final, quem ganha mesmo é o consumidor, em opções, em aromas, em saúde e em atitude.
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