quarta-feira, 31 de agosto de 2011

CADA CACHO NA SUA VIDEIRA, CADA VIDEIRA NO SEU TERROIR

A qualidade de um vinho desenvolve-se essencialmente sobre três conjuntos de condicionantes: agronômicas, enológicas e naturais.

As condicionantes agronômicas estão na base da pirâmide da qualidade do vinho uma vez que esta está definida dentro da baga da uva. Para nossa alegria, elas estão perfeitamente dominados, desde o que se refere ao preparo da terra, cuidados com as mudas, espaçamento de plantio, condução e tratos culturais, ou seja, do início do ciclo anual até a colheita.

Como condicionantes enológicas entram em jogo tecnologias de vinificação que são de domínio generalizado, mas que se ampliam a cada momento, com recursos mais sofisticados na adega e cuidados no processamento. A parte podre dessas práticas de cantina é a adoção de enologia intervencionista que, a partir de produtos químicos, vai transformando o vinho num produto desleal, e modificado por muitos aditivos que aportam predicados ou que escondem defeitos. Artificialismos à parte, a enologia honesta ainda é o melhor caminho para se elaborar os grandes vinhos sem truques químicos.

Mesmo trabalhados dentro de altos níveis de competência e de honestidade, esses dois fatores não podem ser considerados como únicos recursos pois a difusão das boas práticas de vitivinicultura certamente iria promover uma progressiva pasteurização e homogeneização da qualidade dos vinhos.

O que resta fazer para que os vinhos não sejam um lugar-comum repetitivo?

Resta trabalhar decididamente as condicionantes naturais, fatores próprios de cada pedaço de terra de uma região, determinando o microclima, a insolação dos dias, as temperaturas baixas da noites, a ação de ventos dominantes, o relevo e a estrutura do solo. Esses elementos são específicos de cada lugar, gerando terroir único.

O contexto de um terroir é inimitável e intransferível, é a impressão digital do vinho. Fica a cargo do terroir definir os potenciais de qualidade e de tipicidade do vinho, cuja tradução depende do vitivinicultor.

É, portanto, a conjunção competente desses três conjuntos de fatores condicionantes que garante bons vinhos, com clara personalidade de cada variedade de uva empregada e tipicidade correta de cada origem de produção.



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