sexta-feira, 10 de agosto de 2012

MISTURANDO ALHOS COM BUGALHOS

O IBRAVIN, instituto que representa os vinhos gaúchos, continua insistindo em pressionanr as entidades públicas e os órgãos governamentais sobre a necessidade de se institucionalizar duas excrescências burocráticas que sujam os rótulos de vinhos brasileiros; o Selo de Controle Fiscal e as Salvaguardas.

Obviamente que muitas das pessoas físicas ou jurídicas trabalhando dentro do mercado, almejam que precedentes inaceitáveis sejam adotados contra as regras de livre concorrência. a fim de facilitar seu trabalho, sem ter que se esforçar na qualidade e na matriz de custos.

Agora o Ibravin lança um plano com quatro pilares: dois de consistência mercadológica e dois de total falta de pruridos de vergonha  que, adiante, reproduzidos e comentados.

"Implementação de Política de Redução dos Estoques: Faz-se necessário reduzir em pelo menos 30% os estoques físicos de vinho e mosto disponíveis neste momento, através de instrumentos tais como a edição de Prêmio de Escoamento da Produção (PEP) que possibilitem a comercialização de sucos e vinhos, para outros mercados, ou mesmo a destilação de vinhos transformando-o em álcool vínico."

Comentário: Cacilda! Esta é uma providência basilar para qualquer ramo de negócios que, por incompetência, tenha gerado altos estoques. Trata-se de uma obrigação empresarial daqueles qye não se escondem atrás da tutela, sempre desastrada das benesses governamentais.

"Revogação do dispositivo legal previsto no Decreto nº 7.742 de 30 de maio de 2012, que eliminou o benefício fiscal concedido às empresas de refrigerantes, que ao utilizarem na formulação dos refrigerantes 10% de suco concentrado de uva tinham uma redução de 50% do IPI. Este novo cenário está desestimulando as empresas de refrigerantes a utilizarem, em sua formulação, tais percentuais de suco natural. Em contrapartidas, tais empresas estão produzindo refrigerantes “sabor uva” aromatizados e coloridos artificialmente"

Comentário: Medida muito pertinente e que ataca de frente a propaganda enganosa - suco de uva sem suco de uva. Parabéns. A intensidade de redução deveria ser crescente na medida que se aumentasse a participação de suco integral de uva.

"Adoção imediata de Salvaguarda, conforme solicitação que tramita junto ao Departamento de Defesa Comercial (DECOM) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e cujo petição foi publicada em 15 de março do corrente ano, e que já contou com audiência pública sobre o tema e manifestações de diversas partes envolvidas."

Comentário: Politicamente os políticos do PT poderão aprovar essa excrescência pensando que estão titrando os coitadinhos dos trabalhadores da vitivinicultura da penúria. M... nenhuma! Os maiores beneficiários dessta terrível incongruência serão grandes empresas, grandes produtores que, não querendo trabalhar o mercado de verdade, apelam para esse subterfúgio indecoroso. Outro grande beneficiado é o "setor" do contrabando. Os maiores prejudicados serão os consumidores brasileiros que vão ter que pagar mais essa conta. 
"Maior controle e fiscalização do cumprimento da Instrução Normativa nº 504 de 03/02/2005 da Secretaria da Receita Federal (SRF) que obriga a todos os vinhos nacionais e estrangeiros a terem o Selo de Controle Fiscal, e obtenção da anulação do Mandado de Segurança impetrado pela Associação Brasileira de Exportação e Importação de Bebidas de Alimentos (ABBA) e pelo qual seus associados ficam desobrigados ao regime especial imposto pela Secretaria da Receita Federal."

Comentário: É preciso acreditar ém Papai Noel para redigir, lutar e aprovar essa imensa idiotice que é o Selo de Controle Fiscal. Fez a ABBA muito bem. Quem defende esta outra excrescência vive na idade da pedra. Os grandes prejudicados foram as pequenas vinícolas, a distribuição e o comércio. Os beneficiados são, mais uma vez, os grandes produtores que estão ouvindo muito as histórias da carochinha. O selo é um grande incentivo para o contrabando e a contravenção. O consumidor que se lixe.

 O que mais incomoda a nós, defensores do vinho brasileiro, é a falta de modernidade, de inteligência e de bom senso, desses atores de um teatro que não deveria mais ser de "circo de lona rasgada".

O Brasil pode seguir exemplos recentes como os da Nova Zelândia ou da Argentina, nos quais foi executado um trabalho de visão para a indústria vitivinícola. Os consumidores argentinos que tradicionalmente bebiam zurrapas a uma razão em torno de 100 litros per capita ano, evoluíram na produção nacional e no consumo. Hoje com um consumo per capita em torno de 45 a Argentina está livre do predomínio dos maus vinhos.

A matriz de produção brasileira de vinhos precisa ser encarada com seriedade e profissionalismo. Mudanças radicais devem ser operadas. Caso contrário, temos que continuar assistindo a essas apelações dos burocratas.  

 

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