Já tenho apresentado muitas idéias para um vinho brasileiro melhor. Falo isso na condição de quem defendeu o produto nacional quando ele era simplesmente detonado pelos consumidores brasileiros. Consegui colocar vinhos brasileiros em algumas cartas de vinho importantes de São Paulo.
Porisso tive, também, a autoridade de criticar duramente em reuniões com o Ibravin, em entrevistas televisionadas, em artigos e no meu blog, aquelas iniciativas que classifiquei de excrescências butrocráticas, quais sejam: selo de garantia de origem e salvaguardas aio vinho nacional.
Ocorre que, se há excedentes de produção não comercializados, estes deveriam ser direcionados a outro tipo de utilização, quer como álcool vínico, quer como destilados... Ou lançados no esgoto. Os responsáveis pela produção nacional deveriam fazer como os argentinos, produtores e consumidores, que elevaram o nível de qualidade ao mesmo tempo em que reduzindo volumes.
No Brasil é diferente, o consumidor é chamado para pagar a conta da incompetência do segmento. Mas, mesmo com a agenda repleta de besteiras, o Ibravin está encontrandoo caminho para tocar em alguns pontos cruciais de suas reais funções, trabalhando medidas importantíssimas para o nosso vinho.
Essas medidas ou políticas gerais para o segmento deveriam ser a bandeira de toda a cadeia produtiva de vinho no Brasil, incluindo os consumidores, todos opinando, organizando abaixo-assinados e coisas do gênero. Adiante vêm três das medidas que entendemos corretas para direcionar os esforços do Ibravin e outras entidades, que estão sendo conduzidas, talvez não com a ênfase que mereçam:
1 – Programa de Modernização da Vitivinicultura. Este tem por objetivo promover um avanço tanto na base tecnológico de produção da uva e de elaboração dos produtos quanto no estabelecimento de uma nova relação entre os segmentos vitícola e processador.
Opinião do Blog: Os produtores de uva e do vinho deixariam de produzir quantidade e elevariam a qualidade dos vinhos nacionais. Os vinhedos de híbridas passariam por uma gradual reconversão para castas viníferas.
Com base em instrumentos de crédito já existentes em programas do Governo Federal – Pronaf, Pronaf Mais Alimentos e PSI-BNDES – e numa normativa técnica orientadora dos empreendimentos propõe-se o reordenamento parcial do setor de modo a conciliar os interesses de produtores de uva e elaboradores de sucos, vinhos e outros derivados a partir do estabelecimento de contratos de compra e venda da produção. Neste contexto verifica-se a existência de uma lacuna relativa à Assistência Técnica e Extensão Rural, fator de extrema importância para a implantação e sucesso deste programa junto aos viticultores aderentes.
Opinião do Blog: esta uma medida urgente para o nosso país consumir mais vinho brasileiro, sem querer restringir o nosso direito de consumir os importados. Os vinhos importados são importante reguladores e referências de qualidade para o mercado.
3 – Vinho Artesanal – Encontra-se em tramitação no Congresso Nacional projeto de Lei que regulamenta a produção artesanal de vinhos e derivados da uva e do vinho, o qual vai permitir que viticultores da agricultura familiar possam beneficiar sua produção primária elaborando artesanalmente vinhos, sucos e vinagres, de acordo com a proposta do Grupo de Trabalho Multiinstitucional sobre vinhos, sucos e vinagres coloniais/artesanais, subscrito pela Embrapa, Emater/Ascar, Ibravin, IFRS, UFRGS, Centro Ecológico, MAPA e já encaminhado à Comissão de Agricultura e Pecuária da Câmara Federal.
Opinião do Blog: Num país com alta produção de vinhos zurrapas de híbridas americanas este seria o caminho para viabilizar milhares de pequenas propriedades: eliminar por lei o vinagre sintético (este sim uma zurrapa que atenta contra a saúde pública), obrigar o aumento de suco de uva em sucos artificiais e assim por diante.
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