É relativamente comum o indivíduo estufar o peito e se auto-intitular de "gourmet", adepto da altà enogastronomia, das harmoizações finas, enfim, frequentador dos grandes pontos enogastronômicos de São Paulo. A afetada pessoa, sempre de nariz empinado, faz questão dos mínimos detalhes no atendimento da sua mesa mas, porisso mesmo, corre um grande risco nas suas andanças atrás de restaurantes cidade afora!
A situação de risco começa na chegada ao restaurante, cujo esquema de Valet o aguarda com pinta de coisa séria. Normalmente, não fazem parte da estrutura do estabelecimento, são tratados apenas para explorar esta necessidade diretamente do cliente. Alguém recebe com relativa pompa, abre portas, entrega um ticket de valor salgado e você entra tranquilo no restaurante na certeza que seu carro está estacionado e vigiado corretamente.
Antes de se sentar à mesa é bom verificar se as mesas estão tão juntas que precisa uma negociação com os vizinhos para poder se sentar. Nessa mesa, quem estiver prensado com o cliente da mesa ao lado, vai ter uma refeição tensa e insatisfatória.
Já instalado em sua mesa, exija guardanapos de tecido decente, rejeite tecido sintético ou papel. Você está pagando por ter comodidade ao limpar sua boca. Esses guardanapos corretos devem estar fazendo conjunto em uma mesa com a toalha limpa, sem manchas ou sujeiras. Peça a troca imediata da toalha inadequada.
Se você levou um vinho especial para sua refeição, pergunte antes o valor que o restaurante vai cobrar sob o título "taxa de rolha" - um expediente que tira o prazer do momento e mostra uma frieza em relação a alguma comemoração ou desejo pontual do cliente. O melhor é se levantar e procurar um outro restaurante de melhor nível de atendimento.
Não permita a colocação do couvert na sua mesa se você não foi consultado previamente ou, de qualquer forma, não autorizou esse serviço. Se for consultado, verifique se no cardápio está explicitado o valor do couvert por pessoa.
A entrega da carta de vinhos antes do cardápio é um golpe para se vender mais vinho. Antes de saber o que vai comer você já está dando goles num vinho que podrerá não harmonizar com os pratos escolhidos. O bom nível do restaurante vai indicar que primeiro se escolha os pratos e, depois, se consulte a carta de vinhos com sugestões ou não.
Não dê comando para servir qualquer coisa sem antes saber muito bem o preço que vai pagar.
O garçom tem que ser uma entidade quase invisível, porém, presente sempre na hora precisa. Quando o restaurante é bom o cliente não precisa ficar abanando as mãos, falando psiu moço ou coisas do gênero. O garçom estará sempre próximo, sem ficar tagarelando ou se intrometendo no ambiente da sua mesa.
A reposição do vinho em sua taça não deve ser neurótica...Muito menos ausente. Tudo deve transcorrer sem que você seja obrigado a botar a mão na boca da taça ou ficar chamando o garçom para servir ou, ainda, ter que apanhar a garrafa e executar o serviço do garçom.
Sobremesa, digestivo e fechar a conta.
Ai pode surgir divergências. O valor habitual, tradicional e justo, são os conhecidos 10% de taxa de serviço. É possível que o restaurante queira morder algo a mais dizendo que é a correspondência com o padrão de serviço oferecido. Conversa fiada! Acompanhando esse "padrão" estão nivelados os preços cobrados por cada prato ou bebida servido.
Para que ganhar mais um valor acima de valores já bem estabelecidos?
Finalmente, se você quiser conhecer a triste realidade do estacionamento do seu carro, à saída, não espere o manobrista trazê-lo "do estacionamento". Vá com ele até seu carro que, via de regra, está estacionado na rua. Às vezes, o limpador de parabrisas está levantado como código para que os ladrões de plantão. por combinação, não levem ou arrombem seu carro!!!
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