A qualidade de um vinho se apoia principalmente em três fatores: naturais, agronômicos e enológicos.
Os fatores agronômicos estão perfeitamente dominados: preparo da terra, uso de fertilizantes, cuidados com as mudas e tratos culturais até a colheita, providências que já são de uso corrente em qualquer parte do mundo.
Os fatores enológicos retratam a tecnologia vinícola, de generalizado domínio mundial, que se amplia a cada momento com recursos que vão transformando o vinho numa construção cuja arquitetura é modificada por muitos aditivos que aportam predicados ou escondem defeitos. Artificialismos à parte, a enologia honesta ainda é o melhor caminho para se elaborar os grandes vinhos.
Ocorre que, se esses dois fatores forem considerados como os recursos únicos, a democratização das boas práticas de vitivinicultura certamente irá promover uma progressiva homogeneização da qualidade e dos traços típicos dos vinhos. Que fazer?
Resta trabalhar fortemente os fatores naturais, próprios de cada pedaço de terra de uma região, como o microclima, insolação dos dias, temperaturas baixas da noites, relevo e conteúdo do solo. Esses elementos são específicos e determinam miríades de terroirs distintos. O contexto de um terroir é inimitável e intransferível, ficando a cargo dele definir os potenciais de qualidade e de tipicidade do vinho, cuja realização depende do vitivinicultor.
No contexto de um terroir, a altitude é uma componente determinante que interfere diretamente no conjunto de condições existentes no qual desempenha o papel crucial na amplitude térmica, oferecendo diferenças importantes entre as temperaturas do dia e da noite. Estas, quanto maiores, favorecem a maior da concentração dos componentes básicos, aromáticos, gustativos e os que determinam a cor, o corpo e a estrutura do vinho.
No Brasil a vitivinicultura de altitude está em plena operação nas alturas catarinenses de São Joaquim, Campos Novos, Marari e Caçador. Os vinhos, apesar de recentes já estão fazendo história.
Bodega Colomé original, Salta, a mais antiga da Argentina,
vinhedo mais alto do mundo (3100 msnm)
Na Argentina, desde Jujuy até Mendoza, passando por Salta, Cachi, Colomé, Molinos e Cafayate, o vinho de altitude de alta qualidade já é uma realidade conhecida e respeitada.
Só falta dar pleno conhecimento aos apreciadores dos vinhos bolivianos de altitude da região de Tarija, entre eles, os da Bodega Kohlberg em seus varietais, cortes e vinhos especiais. Este é o nosso próximo destino.
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