sexta-feira, 29 de outubro de 2010

NEW YORK STATE: VERY GOOD WINES

Sempre que falamos de vinhos norte-americanos logo nos fixamos nos vinhos californianos e, mais recentemente, nos vinhos do Oregon e Washington, cuja qualidade fala por si só. Também pudera, os californianos representam 90% dos vinhos norte-americanos.

No entanto, visitando o estado de New York, além de passear na capital do mundo, pode-se apreciar excelentes vinhos em Long Island, Hudson River Valley e Finger Lakes.

Para não ser cansativo, em Long Island (AVA North Fork of Long Island), visitar a Laurel Lake Vineyards ou a Palmer Vineyards pode ser a oportunidade de experimentar vinhos varietais muito interessantes como Chardonnay, Gwwürztraminer, Riesling,ou Cabernet Franc. Mas tem muito mais!

No Hudson River Valley existem algumas vinícolas ícones, entre elas, a Brothewood e a Millbrook.

A Brotherwood se destaca por ser a mais antiga vinícola dos Estados Unidos, fundada em 1839, nunca deixou de operar, inclusive durante a lei seca. Nela existe um museu do vinho. Merecem atenção os varietais Pinot Noir, Merlot, Zinfandel e Chardonnay.

A Millbrook oferece um bom Cabernet Franc, além do Merlot, Cabernet Sauvignon e Chardonnay.

Nos Finger Lakes o maior destaque vai para o Dr. Konstantin Frank que elabora um mélico Riesling Late Harvest, além dos normais Chardonnay, Cabernet Sauvignon e Merlot. A novidade surpreendente é um varietal da casta caucásica Rkatsiteli, aromático, elegante e bem estruturado. Não sei de outro lugar que cultive esta uva a não ser a Moldovia!

LUCINDO COPAT - ENÓLOGO DO ANO 2010

Já não era sem tempo! Lucindo Copat, além de enólogo distintivo, faz parte de um pequeno grupo de profissionais que construíram os alicerces do vinho brasileiro de qualidade.

Profissional formado na década de 1970, fez graduação em Mendoza, na Argentina, em Tecnologia de Enologia e Indústria Frutihortícola pela Universidad Juan Agustín Maza.

Voltando ao Brasil, iniciou trabalhando na Cooperativa Aurora, quando implementou melhorias no Vinho Mosteiro de garrafão, um vinho de amarelo muito forte, aspecto e sabor oxidado, e depois de melhorias enológicas, chegou a um vinho amarelo claro e de sabor correto. As más linguas da época, normalmente invejosos incompetentes, comentaram que o Copat estava pondo água no vinho original!

Na multinacional Heublein trabalhou na elaboração dos vinhos Joannisberg e Wein Zeller (Fasano), além dos rótulos Marjolet, Lejon e Liebfraumilch. Note-se que esses vinhos como outros de outras vinícolas caracterizavam uma época do vinho brasileiro, calcado na imitação de tipos e nomes estrangeiros.



Christian entrega título a Copat (foto de Janquiel Mesturini)

Por detrás desse movimento estavam as figuras da transição: Copat, Geisse, Catena, Daniel Basile, Rinaldo Dal Pizzol, Regina...O mérito foram as pinceladas de viníferas que passaram a fazer parte do vinho brasileiro, estabelecendo a grande transição para a fase do vinho brasileiro de qualidade mundial, ocorrida na década de 1990.

Nesta fase já estava o Copat na Salton, fazendo parte do desenvolvimento e lançamento da linha Classic, de varietais de viníferas. Daí até nossos dias não se cansou de trabalhar novos rótulos, procurando chegar nos super-premium da Salton como Talento e Desejos, por exemplo.

Parabéns meu amigo Copat! Continue contribuindo ainda mais nesta fase pós-transição do vinho brasileiro!

FLORIANO MOLON - A HISTÓRIA VIVA DA SERRA GAÚCHA

Desde que comecei a estudar o vinho brasileiro do Rio Grande do Sul já há muitos anos, conheci uma literatura direta e histórica, de um professor pesquisador da matéria. O tema era "Otávio Rocha, cem anos de vida colonial", de autoria de Floriano Molon.

Depois vieram outros livros, matérias e participações em eventos culturais que tornaram o professor Molon em um ícone da literatura histórica da Serra Gaúcha.

Otávio Rocha, cenário onde atuou um dos maiores vitivinicultores do vinho brasileiro, o João Slaviero, cujas reminescências de sua Granja ainda permanecem esquecidas nos arredores da vila.

Na minha opinião, está mais do que na hora da comunidade vitivinícola da Serra Gaúcha prestar mais atenção aos restos abandonados da Granja do Slaviero e tratar de recuperá-los para o enoturismo, assim prestando uma homenagem ao João Slaviero, uma das maiores lideranças históricas do vinho brasileiro.

Outra figura batalhadora que merece uma atenção especial é o professor Floriano Molon que, pelas décadas de serviços prestados reúne méritos de sobra para ser homenageado.

Aliás, tenho a impressão de que os escritos do Floriano devem ter raízes em um dos maiores mestres da ampelografia mundial, Dott. Girolamo Molon, professor de vicultura, fruticultura e Horticultura na Reggia Scuola Superiore di Agricultura de Milano, autor da obra prima Ampelografia - Descrizione delle Migliori Varietà di Viti, Milano, 1906.

Professor Floriano, receba meus cumprimentos e não pare de produzir seus livros históricos, indispensáveis ao resgate da nossa vitivinicultura histórica. Um dia a ABE, o IBRAVIN, a ABRAVI e outras instituições hão de lembrar do seu nome pelo seu trabalho profícuo!

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

PORTO BURMESTER PELA ADEGA ALENTEJANA

Foi no restaurante paulistano Piselli que a Adega Alentejana, do Manuel Chicau, promoveu uma degustação de vinhos do Porto para a Confraria dos Sommeliers, ultimo dia 27 de outubro.

Conduzindo a degustação estava o enólogo Pedro Miguel Cunha de Sá, eleito enólogo do ano 2008 para vinhos generosos. Formado em Enologia pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, fez Mestrado em Viticultura e Enologia no Instituto Superior de Agronomia de Lisboa e MBE em Inovação e Gestão pela Universidade Católica Portuguesa.

Segundo Pedro Sá, "é um desafio permanente trabalhar com vinhos que o mercado irá consumir em 2 anos e simultaneamente, produzir outros vinhos para serem degustados em 15 anos, 20 ou até em datas mais distantes."

A Burmester é uma empresa com mais de 250 anos de tradição em vinhos do Porto e vinhos Douro DOC, fundada pela família de mesmo nome, oriunda da Alemanha. Em 2005, o Grupo Sogevinus Fine Wines adquiriu a empresa dando continuidade a sua tradição e produção.

A degustação conduzida pelo enólogo Pedro Sá trabalhou a seguinte sequência:

Tavedo Tinto 2008 - Douro DOC - 12,5% - vivo, elegante, médio corpo, fruta madura, rosas e baunilha. Final persistente com taninos adocicados. Consumidor R$ 32,00.

Casa Burmester Reserva Tinto 2007 - Douso DOC - 14% - complexo, mais estrutura, fino e elegante, traços de madeira, frutos maduros. Final com fruta madura persistente . Consumidor R$ 100,00.

Burmester Rubu - 20% - cor forte e brilhante em vermelho violáceo, aromas de frutas como framboesa e morango, boca jovem e irrequieta, frutada a passas e cerejas. Consumidor R$ 55,00.

Burmester Tawny - 20% - cor vermelho alaranjado, aromas de frutas maduras como groselha e morango, toque de casca de laranja e melado, sobre traços de baunilha. Consumidor R$ 55,00.

Burmester LBV 2005 - 20% - cor ruby intenso, aromas delicados de frutas tropicais e uva bem madura, toques de cacau e chocolate sobre tons de madeira tostada. Consumidor R$ 77,00.

Burmester Jockey Club Reserva - 20% - cor amorenada com nuances alaranjadas, aroma de frutas maduras, traços de baunilha e caramelo. Consumidor R$ 75,00.

Burmnester Vintage 2000 - 20% - cor intensa vermelho com faíscas violáceas, aromas ricos e concentrados de frutas silvestres como amora preta, groselha e framboesa. Consumidor R$ 112,00.

Burmester 10 anos - 20% - cor tinto aloirado, aromas de frutas secas como amêndoas, nozes e avelãs, toques de baunilha, compotas e traços cítricos que completam sua elegância. Consumidor R$ 118,00.

Contato: Adega Alentejana - Luiz Fernando - 11 - 9957 4010 / 5044 5760

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

DÁDIVAS - UM PRESENTE PARA NOSSOS SENTIDOS

Depois de uma sequência de viagens, visitei a minha adega para ver se ainda existia! E para comemorar a volta aos costumes simples do cotidiano, apanhei uma garrafa de um vinho rosé, com uma bela cor salmão escuro, quase um clarete de Bordeaux.

Um nariz frutado com toques de morango e ameixa preta, geléia de jabuticaba, traços de pinha... uma festa para qualquer paladar. Na boca, a presença do álcool em pleno equilíbrio com a acidez, repetindo casca de jabuticaba e morango.



Fazia muito tempo que não tomava um rosé tão iinteressante.

No rótulo, Dádiva, 2008, da SulBrasil - South Brazilian Wine, 12,5% de álcool, elaborado num lote limitado a 3.500 garrafas, das castas Merlot, Tempranillo, Touriga Nacional e Pinot Noir pela Vinhos & Espumantes - Vinícola Lídio Carraro Ltda.



Vale a pena experimentar!

Contato: Lidio Carraro 54 -0 2105 2555.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

WINE EXPERTS FAZ AVALIAÇÃO DE OUTUBRO

Foram degustados 25 vinhos de distintas procedências distribuídos em grupos de espumantes, brancos e tintos.

Dentre os espumantes destacaram-se Dal Pizzol Rosé e o Valmarino, ambos com um bom crescimento no centro da boca e aromas de boca delicados.



Ennio Federico e Sergio Inglez - um brinde ao sucesso do Winexperts.

Para os brancos um grande destaque para um Sauvignon Blanc Cloudy Bay e Pinot Noir em branco Herzog Christian (Cleebronn & Güglingen).

Os tintos em número de 15 apresentaram-se muito bem com muitos destaques, dentre eles, o alemão Trollinger San Michel (Cleebronn & Güglingen, o argentino Cheval des Andes, o espanhol Bigas Crianza e o brasileiro Toriga Nacional Dal Pizzol.

Contato: Vinhos Alemães - Jardim do Vinho - www.jardimdovinho.com.br

domingo, 24 de outubro de 2010

DEGUSTAÇÃO DE VINHOS DO MUNDO EM MINAS GERAIS

Foi no Recanto da Serra, um sítio aconchegante a 1.300 metros de altitude, na estrada que liga as cidades mineiras de Andradas e Caldas, que Eduardo e Cidália receberam enófilos paulistas e mineiros, para uma degustação às cegas, modelada em concurso internacional, com vinhos da várias partes do mundo, harmonizados com finger food e prato quente. No final, casamento mais do que perfeito entre café orgânico e café gourmet da Tijuco Preto, de Andradas, MG.



Para iniciar, foi servido o Mis en Bouche, vinho número 0, comentado por todos e que permitiu ajustar o padrão de avaliação dos participantes.

Gorgonzola, mussarela de búfala e tomatinho ao pesto, abobrinha com nozes e amêndoas foram confrontados com o húngaro Balaton Irsai Oliver e o chileno Galán Reserva Chardonnay.




Sanduichinho de pão australiano com parma e queijo de cabra e torradinha com queijo brie e geléia foram harmonizados com o alemão Dyade 52 Lemberger de Baden (que foi o grande destaque dos tintos na degustação) e o espanhol Castillo de Lira Reserva.

O prato quente, ragu de carne bovina com creme de mandioquinha rfoi muito bem com o portugues Duque de Beja Alentejo e o argentino Terrazas de los Andes Malbec Reserva.

As opiniões dividiram-se em meio ao grupo de 14 enófilos aplicados, mas houve clara preferência pelo branco húngaro da casta Irsái Oliver e pelos tintos, o alemão da casta Lemberger e o argentino da variedade Malbec. O mis en bouche, um Nobrese Cabernet Sauvignon da Sanjo, de São Joaquim, Santa Catarina, foi muito elogiado.



A sobremesa foi um trifle de frutas, com base num gelado de cupuaçu, com casamento perfeito com o Portento Tinto e o Portento Moscatel da Quinta Santa Maria, de São Joaquim, Santa Catarina.

O café expresso foi oferecido pela Tijuco Preto, de Andradas, Minas Gerais, fabricante dos tipos Gourmet e Orgânico. Seu proprietário Paulo Teixeira Giordani explanou sobre os tratos culturais e os cuidados na fabricação dos cafés orgânicos. Pela potência e complexidade aromática, o Portento Tinto teve com o café um casamento perfeito.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

VINHOS BIODINÂMICOS NAS ALTITUDES ARGENTINAS DE COLOMÉ

A minha simpatia pelos vinhos biodinâmicosse apoia em diversos fatos. Primeiramente, meu avô morou na Alemanha e conviveu com o genio criador da antroposofia, Rudolf Steiner, traduzindo o pensamento deste em ensaios, artigos e livros, dos quais recebi alguns conhecimentos desta filosofia. Em segundo lugar, guardadas as devidas transposições para um mundo leigo, os tratos culturais orgânicos e os procedimentos biodinâmicos asseguram para o vinhedo a autenticidade do terroir local, sem aportes de materiais estranhos. Finalmente, sou influenciado pela empolgação do meu amigo Didu Russo, um defensor das coisas naturais e honestas.

Quando participei da degustação vertical dos vinhos de Jean-Pierre Amoreau, do centenário Château Le Puy, localizado em área nobre de Bordeaux,tive uma prova cabal da qualidade superior dos vinhos, mesmo sendo biodinâmicos como querem os cépticos.

Depois, degustando vinhos da AOC Coulée de Serrant, Sauvennières, Loire, denominação particular para os vinhos biodinâmicos de Nicolas Joly, amplos, untuosos, frescos e de grande preenchimento do centro da nossa boca, definitivamente varri toda sorte de prevenções e preconceitos que vinha ouvindo de produtores que adotam soluções mais simples, embora danosas à sustentabilidade do planeta.

Na Argentina, província de Salta, visitei a bodega mais antiga em funcionamento naquele país, que opera alguns vinhedos mais altos do mundo.São vinhedos biodinâmicos que vão de 2.500 a 3.111 metos de altitude!

A preparação dos compostos concentrados requer a colocação dos mesmos em chifres ou bexigas de animais ou mesmo soltos.



Depois os ingredientes são enterrados para sofrerem maturação biodinâmica em receptáculos com o próprio solo.





Antes da aplicação, os elementos básicos são dinamizados através da mistura com veículos de aplicação



O composto biodinâmico final é aplicado como alimento do solo.



A defesa biodinâmica dos elementos nocivos... são complementados com tratos culturais que respeitam a fisiologia da videira para a produção de cargas menores de uvas melhores.

Na adega, amplas e moderníssimas instalações em aço inoxidável dão suporte ao trabalho enológico com os recursos naturais (leveduras selvagens) e sem a utilização de aditivos (muito comum hoje em dia) para corrigir o vinho, para dar aromas e cor que não são dele.

O argumento final, sem discussões estéricas, está na degustação de toda linha de vinhos Colomé, com os vinhos apresentando grande presença de boca, qualidade, complexidade e agradabilidade.

Se você quizer tomar os vinhos da Colomé, ou seja, Colomé Reserva, Colomé Estate Malbec, Colomá Torrontés, Amalaya, etc., procure na importadora Decanter.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

CASA VALDUGA: UM CAMINHO DE ACERTOS

A Casa Valduga, melhor falando, a família Valduga tem explorado regiões alternativas como a Serra Sudeste, para disponibilizar novas opções para o consumidor brasileiro.

Recentemente, constituiu a Domno do Brasil, empresa do grupo Famiglia Valduga, que está praticando a importação de vinhos para suprir nosso mercado.



Agora, a Domno contratou mais uma importante parceria para a importação de vinhos, desta vez do Chile. A partir de outubro passa a distribuir os vinhos Yali, by Viña Ventisquero, com nove rótulos de cinco diferentes categorias.

A Bodega está localizada no Vale vitivinícola del Maipo, mais precisamente na região do Valle Del Yali. A vinícola termina no Pântano El Yali, perto da costa, de onde vem a inspiração do conceito da marca. Trata-se de empresa com 12 anos no mercado vitivinícola sempre buscando inovar para fazer vinhos de grande qualidade.

Os vinhos da linha Yali estão dirigidos ao público jovem, descomplicado e que quer voltar à essência da vida conectando-se com a vida silvestre. Esta linha apresenta um vinho jovem, fresco feito por enólogos que atendem todos os requisitos que um vinho de classe deve ter. Os vinhos Yali são vendidos em 27 países entre eles o Chile e têm obtido muito sucesso em países como Inglaterra, Irlanda, USA, Coréia e Finlândia.

Para marcar a parceria, o enólogo responsável pela linha Sergio Hormazábal e alguns executivos da empresa vêm ao Brasil em outubro para, junto com dirigentes da Domno, apresentar o novo conceito da linha em um encontro com críticos e jornalistas no restaurante La Vecchia Cuccina no dia 21 de outubro de 2010.

Vamos aguardar e provar os nove vinhos de mais um acerto dos Valduga!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O BRASIL ENTRA NO RESTRITO MUNDO DO ICEWINE

O ciclo anual das videiras tem um ritmo através das quatro estações, com alterações que dependem da variedade, clima, latitude e altitude do vinhedo.

Em climas adequados é possível atrasar-se a colheita e a uva tem a maturação avançando outono adentro, sem sofrer com a ocorrências das chuvas de verão. Com isso elas atingem o grau de madurez máximo, até que o frio do inverno impacte a natural fisiologia estancando o processo de maturação. Este é o ponto limite para o amadurecimento da uva.

O vinho feito dessas uvas não chega a ser novidade na vitivinicultura e existem relatos desta prática nos tempos do Império Romano. Na sua época, o poeta Martial aconselhava a colheita das uvas em novembro ou ainda mais tarde, depois de congeladas.

Bem mais tarde, em 1794, foram elaborados vinhos em Franken (Francônia), Alemanha, usando as uvas congeladas, inaugurando definitivamente a história do vinho do gelo, Eiswein, Icewine ou Vin du Glacier.

Na luta para manter uma produção regular de vinhos, os viticultores alemães enfrentavam o grande problema do ataque de pássaros, para os quais as uvas maduras eram uma tentação com a qual se deliciavam sem a menor cerimônia. Por essa razão, na vindima de 1829, viticultores alemães de Dromershein, pensando em saciar a fome dos animais silvestres, deixaram parte das uvas nas videiras. Mas nem toda sobra de cachos foi consumida, e as uvas não atacadas passaram por uma evolução interessante: prensadas, deram origem a um mosto muito que foi vinificado em fevereiro de 1830. Estava elaborado mais um vinho de uvas super-tardias alemão que definiu um novo estilo de vinho na hierarquia vinícola alemã, o Eiswein.

Atualmente, elabora-se o vinho do gelo em muitos países, Hong Kong, Rússia, Suíça, França,Nova Zelândia, República Checa, Argentina, Suécia e outros, com as denominações de Icewine ou Eiswein ou Vin du glacier. As produções são em pequena escala, a menos do Canadá que vem se tornando o mais importante produtor dos vinhos do gelo.

O ponto mais importante dos procedimentos é a baixa temperatura no vinhedo durante a colheita, o que acarreta o aumento do extrato, do corpo e do aroma do vinho. Latitude e altitude são dois fatores chaves para se conhecer as possibilidades deste tipo de produção. Ambos afetam a quantidade e a extensão da insolação durante o dia e o relativo refrescamento das temperaturas noturnas. Nestas condições desenvolvem-se altos níveis de componentes aromaticamente ativos por causa da maturação dos elementos fenólicos em ritmo bem lento.

O Eiswein ou Icewine é o mais famoso vinho produzido pela viticultura de clima muito frio, que tem que apresentar um alto nível de acidez equilibrando a sua grande concentração de açúcar.

O brasileiro Pericó Icewine foi cultivado a 1.300 m.s.n.m. em São Joaquim, Santa Catarina, como resultado de um projeto adequado à realidade brasileira, no qual as uvas foram colhidas a -7,5 °C no amanhecer dos dias 4 e 12/06/09. Ao revés do que ocorre na maioria dos países produtores de icewine como Alemanha, Áustria e Canadá, onde as uvas são das variedades brancas, na Pericó a eleita foi uma das clássicas da vitivinicultura mundial: a tinta Cabernet Sauvignon.



No vinhedo o processo é conduzido de maneira especial: a poda das videiras é feita pelo método Guyot, com o objetivo de distribuir melhor os cachos e dar maior uniformidade na maturação das uvas. Também é feito um raleio drástico, com descarte de mais de 50% da uva que seria produzida por pé para favorecer a concentração de açúcar. No caso do Pericó Icewine, restaram menos de 600 gramas por planta, metade da produção usual para vinhos premium.

A colheita tem que ser feita antes do nascer do sol para manter as frutas congeladas durante o transporte até a vinícola, onde são prensadas e separadas as partes sólidas (água congelada, sementes e cascas) do mosto rico em açúcares e acidez residual.

O empresário Wandér Weege, proprietário da vinícola, conta que teve a felicidade de degustar o mosto recém extraído à temperatura de -4oC. O Pericó Icewine vinificado e pronto já é o introdutor do Brasil no limitado mundo dos vinhos icewine.

Para marcar o lançamento, além da garrafa artística, foi criada pela Cristaleria Strauss uma taça especial que pode ser comprada acrescentada ao o kit do Pericó Icewine.

Este primeiro icewine brasileiro foi lançado pela Pericó no dia 10/10/10, às 10 horas, 10minutos e 10 segundos. Só posso dar a merecida nota 10!!!

AZEITE DE OLIVA EXTRA VIRGEM EM MENDOZA

O azeite de oliva extra virgem argentino é um velho conhecido do consumidor brasileiro que sempre disputou presença nas nossas mesas com produtos básicos portugueses, espanhóis, italianos e gregos.

No mês passado fiz degustação de azeites extra virgem especiais em Mendoza, um outro lado da olivicultura argentina, experimentando produtos mais sofisticados e de qualidade distintiva.

Aconteceu na Verolio, uma bistrô anexo ao Hotel Internacional, bem no centro, onde se pode fazer refeições, degustar azeites ou assistir palestras sobre azeites extra virgem.



A mesa foi composta pelos componentes básicos para uma degustação: cesta de pães variados, batata doce frita e palitos de massa, pequenas porções para harmonização incluindo patês de azeitona preta e de azeitona verde, azeitonas de distintas castas, tomate seco no azeite, queijos variados e amostras de azeites.



Primeira amostra - Familia Sottano - acidez menor que 0,5 - varietal Arbequina - verde oliva claro, nariz com toques frutados delicados e tênue vegetal com traços amendoados na boca, retrogosto frutado e picante. Pela delicadeza pode acompanhar saladas tendentes a adocicadas, peixes, maioneses e sobremesas (como parte de coberturas misturado com chocolate).

Segunda amostra - Familia Zuccardi - acidez menor que 0,5 - varietal Frantoio - amarelo com reflexos verdes, mais encorpado, aromas vegetais herbáceos com notas frutadas de casca de maçã, boca lembrando tomate maduro e maçã verde, mesclando amargo agradável com leve picante sugerindo frescor. Pelo ataque de boca mais incisivo acompanha bem saladas fortes (rúcula, chicória, etc), peixes de sabor como a truta, sopas bem temperadas, verduras refogadas, etc.

Terceira amostra - Verolio - acidez menor que 0,2 - varietal Arauco - variedade de oliveira tipicamente argentina, amarelo com reflexos verde oliva, aromas vegetais de grama recém cortada e notas de azeitona verde, boca tipicamente azeitona, amargor característico e final picante, corpo mais denso que reveste a mucosa com sensação amanteigada. Casa-se muito bem com saladas verdes de sabor incisivo, carnes de caça e queijos fortes. Bom para fazer molho adensado com queijo parmesão.

Quarta amostra - Verolio - acidez menor que 0,2 - blend de Arauco 50%, Frantoio 30% e Arbequina 20%. Cor amarelo com reflexos esverdeados, nariz suave mesclando amêndoas,tomate e toques herbáceos que lembra banana verde. Boca frutada e levemente amendoada. Cobre suavemente as papilas porém com complexidade. Harmoniza-se em quase todos os tipos de prato.

sábado, 9 de outubro de 2010

VOCÊ CONHECE VINHO TINTO ALEMÃO ?

Se você é daqueles que ligam o vinho alemão a um vinho branco, levemente doce, baixa graduação alcoólica, engarrafado na famosa garrafa azul... ou seja, se para você vinho alemão típico é o Lienfraumilch, então você está por fora e não sabe o que está perdendo.

O vinho alemão moderno vem da parte sul daquele país, mais precisamente das regiões de Baden e Württemberg, nas quais há mais sol e calor durante o dia e o necessário friozinho durante a noite. A maioria dos vinhos tintos alemães vem destas áreas, destacando-se as castas Spätburgunder (Pinot Noir), Lemberger, Samrot, Trollinger e Portugieser, cada qual com uma característica organoléptica.

Desta região vêm muitos Eiswein, inclusive um de certa raridade por se tratar de um Eiswein tinto, da casta Spätburgunder (Pinot Noir), elaborado pela vinícola Kaiserstuhl de Baden. Na maior parte os Eiswein são baseados na casta Riesling.



Entre os brancos são diferentes os Riesling, Traminer e Grauburgunder.

O detalhe interesante é que são vinhos secos e de graduação alcoólica variando em torno de 13 ou 14%.

Está interessado agora? Entre em contato com o importador Jardim do Vinho (acarrelha@jardimdovinho.com.br)ou a representante do consórcio de vinhos de Baden e Württember no Brasil, Fabiana Sysvestre Cherubin (fabiana@vinhoalemao.com).

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

OS SEGREDOS DOS VINHOS DE ALTITUDE

A qualidade de um vinho se apoia principalmente em três fatores: naturais, agronômicos e enológicos.

Os fatores agronômicos estão perfeitamente dominados: preparo da terra, uso de fertilizantes, cuidados com as mudas e tratos culturais até a colheita, providências que já são de uso corrente em qualquer parte do mundo.

Os fatores enológicos retratam a tecnologia vinícola, de generalizado domínio mundial, que se amplia a cada momento com recursos que vão transformando o vinho numa construção cuja arquitetura é modificada por muitos aditivos que aportam predicados ou escondem defeitos. Artificialismos à parte, a enologia honesta ainda é o melhor caminho para se elaborar os grandes vinhos.

Ocorre que, se esses dois fatores forem considerados como os recursos únicos, a democratização das boas práticas de vitivinicultura certamente irá promover uma progressiva homogeneização da qualidade e dos traços típicos dos vinhos. Que fazer?

Resta trabalhar fortemente os fatores naturais, próprios de cada pedaço de terra de uma região, como o microclima, insolação dos dias, temperaturas baixas da noites, relevo e conteúdo do solo. Esses elementos são específicos e determinam miríades de terroirs distintos. O contexto de um terroir é inimitável e intransferível, ficando a cargo dele definir os potenciais de qualidade e de tipicidade do vinho, cuja realização depende do vitivinicultor.

No contexto de um terroir, a altitude é uma componente determinante que interfere diretamente no conjunto de condições existentes no qual desempenha o papel crucial na amplitude térmica, oferecendo diferenças importantes entre as temperaturas do dia e da noite. Estas, quanto maiores, favorecem a maior da concentração dos componentes básicos, aromáticos, gustativos e os que determinam a cor, o corpo e a estrutura do vinho.

No Brasil a vitivinicultura de altitude está em plena operação nas alturas catarinenses de São Joaquim, Campos Novos, Marari e Caçador. Os vinhos, apesar de recentes já estão fazendo história.


Bodega Colomé original, Salta, a mais antiga da Argentina,
vinhedo mais alto do mundo (3100 msnm)

Na Argentina, desde Jujuy até Mendoza, passando por Salta, Cachi, Colomé, Molinos e Cafayate, o vinho de altitude de alta qualidade já é uma realidade conhecida e respeitada.

Só falta dar pleno conhecimento aos apreciadores dos vinhos bolivianos de altitude da região de Tarija, entre eles, os da Bodega Kohlberg em seus varietais, cortes e vinhos especiais. Este é o nosso próximo destino.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A NOVA FASE DO WINEXPERTS - SITE DE VINHOS

No dia 6 de outubro passado, no paulistano Restaurante Santo Coloma, onde reina o grande chef Alencar, o site www.winexperts.com.br realizou reunião de debates e de apresentação dos novos colaboradores que incrementarão a face renovada do seu conteúdo.

O Winexperts é um dos sites de vinho de maior consistência do Brasil e está há mais de oito anos no ar (http://winexperts.terra.com.br)e já se notabilizou pela independência de conteúdo de interesse daqueles que vivenciam o grande mundo do vinho.


Grupo da Winexperts e plena reunião para desenhar novos conteúdos.

A excelência do Winexperts não é só de palavras. Algumas referências fundamentais marcam o seu sucesso, entre elas, a longa parceria com o Portal Terra e a importância da página na internet medida pelo Google Page Rank que registra a incrível classificação de 5 num máximo de 10. Nestes 8 anos a audiência chegou a alcançar mais de 120.000 page views e 30.000 unique visitors por mês.

Na cabeça do site estão os empresários Ennio Federico e Omar Jabur, nas Operações trabalha Damiel Rigotti. Entre os colaboradores destacam-se ícones como Edécio Armbruster, Breno Raigorodsky, Álvaro Galvão, Clóvis Siqueira e Sérgio Inglez.

Se você ápreciador de vinhos e está buscando notícias, artigos de especialistas, eventos, viagens, cursos, vídeos, dicas e muito mais, não perca tempo com sites vazios, vá logo para o Winexperts!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

TERRAZAS DE LOS ANDES: QUALIDADE NAS ALTURAS

No início era um projeto Chandon Argentina produzindo espumantes e vinhos tranquilos. Em 1991, o engenheiro e enólogo Hervé Birnie-Scott foi designado para trabalhar na Argentina no desenvolvimento do projeto Terrazas de los Andes. Para consolidá-lo foi comprada uma adega antiga (1898) que foi totalmente remodelada e implementada com instalações de primeiríssima geração.


Engenheiro e Enólogo Hervé Birnie-Scott, pai do Terrazas de los Andes

Em 1994 produzia os cortes: Clos du Molin (Cabernet, Merlot e Pinot Noir ). Comte de Beltour (assemblage com predominância de Malbec), Comte de Valmont (Cabernet Sauvigno e Merlot), Castel Chandon (Chenin, Semillon e Ugni Blanc), e Kleinburg (Riesling, Chenin e Ugni Blanc).

Nas propriedades adquiridas pela Chandon Argentina havia vinhedos plantados de 1925 e as altitudes variavam desde 800 m no Terraza de Cruz de Pedra, 980 m no Terraza de Pedriel, 1069 m no Terraza de Vistalba e 1200 m no Terraza del Valle de Tupungato.

Hervé acompanhou em detalhes a maturação desde o momento em que as uvas começam a pintar (envero) até a madurez ideal para a colheita (cosecha). Nesse período mediu repetidas vezes o conteúdo de açúcar na polpa e a maturação dos polifenóis da casca, em especial, antocianos e taninos. verificando que nas diversas altitudes ocorriam desempenhos distintos para cada variedade. Este foi um longo caminho de muitos anos que culminou com a definição de uma altitude para cada variedade, na qual exibia a melhor expressão.



Assim, a Syrah deu seu melhor na altitude dos 800 metros, a Cabernet Sauvignon ajustou sua excelência nos 980 metros, a Malbec ofereceu sua melhor leitura nos 1.067 metros, e a Chardonnay ficou nos 1.200 metros.

Dessas constatações nasceram as linhas de vinhos da Terrazas de los Andes, cada variedade na sua altitude e cada nível de vinho preso ao rendimento máximo de uva por hectare e ao processo de envelhecimento em barricas de carvalho: o nível básico é rotulado Altos del Plata (sucessor do terrazas varietal), subindo para Terrazas Reserva e atingindo os ícones Afincado.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

BODEGA EL MOLINO: UM VINHO DE AUTOR

Saindo da capital provincial Salta e tomando a Ruta 68, desvia-se pela Ruta 33 e, finalmente, toma-se a Ruta 40, a mais longa estrada federal argentina. A Ruta 33 começa em El Carril, em asfalto. Na subida de mais de 1.000 metros em curvas fechadas e paisagens cinematográficas, tem-se muita poeira e velocidade média de cerca de 30 Km/h. No alto, agora em torno de 2.500 msnm, volta o asfalto e acaba a poeira finíssima que atinge até nossa alma!

Já na Ruta 40, asfaltada, chega-se a Cachi (2.210 msnm) e se toma uma estradinha de terra para Cachi Adentro, onde se localiza a Bodega El Molino (2.490 msnm), do muito simpático casal Alberto Durand (Payo) e Nuni Garcia Frias.

Por intuição Alberto foi contra o preconceito de que Cachi não se prestava para vinhos. A experiência com a casta colonial Criolla Chica não havia obtido sucesso porque se trata de variedad de ciclo longo que, de encontro com o frio não chegava a maturação necessária e resultava vinhos de baixa qualidade.


Alberto Durand - winemaker dos vinhos de autor que levam o seu nome.

Durand focou suas atenções nas variedades européias, especialmente francesas de ciclo mais curto como Malbec, Merlot e outras, que se mostraram muito adaptáveis às altitudes de Cachi Adentro.

Formou vinhedos no ano de 2.000 e já na primeira colheita obteve vinhos diferenciados, concentrados, equilibrados, complexos polifenóis de cor e de aromas. Nas uvas, a riqueza em açúcar veio acompanhada de boa acidez residual, descartando qualquer necessidade de correção tartárica (acidez), animando-o a explorar novas castas.

Seus vinhedos são pequenos e recebm tratos acompanhados de perto pelo próprio Durand. Os equipamentos de vinificação são manuais, operados pelo próprio Autor dos vinhos. Provamos das barricas e tanques de inox o Malbec 2010, o Côt 2010(clone francês do Malbec, o Merlot 2010, o Côt 2003 e o Merlot 2009...todos de coloração negro profunda com reflexos violáceos. Excelente centro de boca e final prolongado.

Escreverei artigo com detalhes oportunamente. Todos os vinhos muito estruturados e de grande agradabilidade.

UMA ARGENTINA ALEGRE

Tenho ido constantemente para a Argentina e, nas últimas vezes, notei uma gradual mudança para melhor, melhor como país para os argentinos.

Desta vez, rodando quase mil quilômetros por Salta, conhecendo bodegas, parques e restaurantes em Mendoza e Lujan de Cuyo, senti como uma brisa de progresso nas implantações de grandes vinhedos, na construção de novas vinícolas, nas obras em geral e no movimento nos melhores restaurantes mendocinos e a maestria dos grandes chefs de cozinha.

Os vinhos ícones continuam se multiplicando e nos convidam para degustações das mais variadas formas, quer harmonizadas, quer verticais de especial agradabilidade.

A Argentina está mudando e mudando para melhor. Melhor para los hermanos argentinos, melhor para nós apreciadores brasileiros!