sexta-feira, 4 de março de 2011

THE BERLIN TASTING - A MILESTONE IN THE WINE EVALUATION

Por várias vezes tenho escrito sobre a questão dos mitos e das realidades do fabuloso mundo do vinho. Na contracapa do meu primeiro livro, Vinho - Aprenda a degustar (esgotado) registrei "Não beba o rótulo. Beba o vinho!". Infelizmente o principiante vai atrás das macaquices dos pretensos sabichões e fica preso a alguns rótulos, por exmplo, Cheval Blanc, Romanée Conti, Petrus e outros, como se fossem os únicos melhores vinhos do mundo. Mas a longa prática tem me mostrado que nem sempre o mais caro é o melhor! Felizmente!
Vem em meu socorro a excelente matéria de Peter Hellman e Mitch Frank, revista Wine Spectator, Dec. 15, 2009, The crusade against Counterfeits, de onde tirei a figura abaixo. Muitos vinhos mitológicos estão sendo fraudados fazendo com que apareçam os colecionadores e os caçadores de falsificações.

WINE SPECTATOR - PETRUS REAL E FRAUDADO

Numa degustação às cegas de 10 vinhos, conduzida recentemente por um grupo de grandes degustadores brasileiros, dentre eles, Ennio Federico, Manoel Beato e Osvaldo Amarante, este último fez o comentário: Muito bom o painel, somente o primeiro vinho que eu definitivamente não gostei. Ennio brincou: E se esta for uma amostra testemunha, por exemplo, um Petrus, colocado secretamente para testar sua capacidade? Amarante respondeu também brincando: Continuaria não gostando e mais, poderia ser uma falsificação!!!

Falcatruas a parte, na realidade o vinho Petrus é indiscutivelmente um mito internacional e não tem produção suficiente para cobrir toda procura. Consequentemente, seu preço vai para as alturas. Estudos apontam que para se ter um mito são necessárias algumas condições: exiguidade de oferta, disputa na procura e, indispensável, uma qualidade excelente!

No entanto, se o degustador tem a sua frente várias taças numeradas preenchidas com distintos vinhos, por uma questão de agradabilidade ao gosto pessoal e sem demérito para ninguém, o Pétrus pode perder para um vinho que custe 10% do seu preço. Os dois são excelentes vinhos, Petrus é um mito e o outro apenas de maior agradabilidade!

Para não ser crucificado pelos enochatos de plantão, recorro à famosa Cata de Berlin, promovida pelo empresário chileno Eduardo Chadwick (Viña Errazuriz), em Berlin no dia 23 de janeiro de 2004, fazendo às cegas a comparação dos três famosos terroirs: Bordeaux, Toscana e Chile.

EDUARDO CHADWICK

O resultado surpreendeu a todos e se tornou um marco nessa questão de preço e qualidade, comprovando que acima um um certo valor em dólares, nem sempre o mais valioso é o quew proporciona o maior prazer.

A classificação final foi a seguinte:

1°- Viñedo Chadwick 2000 - Viña Errazuriz - Maipo - Chile

2°- Seña 2001 - Viña Errazuriz & Robert Mondavi - Aconcagua - Chile

3°- Château Lafite 2000 - Premier Grand Cru Classé - Pauillac - França

4°- empatados

Château Margaux 2001 - Premier Grand Cru Classé - Margaux - França

Seña 2000 - Viña Errazuriz & Robert Mondavi - Aconcagua - Chile

6°- empatados

Château Margaux 2000 - Premier Grand Cru Classé - Margaux - França

Château Latour 2000 - Premier Grand Cru Classé - Pauillac - França

Viñedo Chadwick 2001 - Viña Errazuriz - Maipo - Chile

9°- Don Maximiano 2001 - Viña Errazuriz - Aconcagua - Chile

10°- empatados

Solaia 2000 - Marchesi Antinori - Toscana - Itália

Château Latour 2001 - Premier Grand Cru Classé - Pauillac - França.

Os avaliadores dos vinhos foram 16 jornalistas especializados e 20 importadores de vinho, todos europeus, originários da Alemanha, Áustria, Suíça, Grã Bretanha, Dinamarca e Rússia.  Não tem discussão sobre a consistêcnia das classificações.

Nenhum comentário: