terça-feira, 29 de março de 2011

PINOT NOIR: VINHO BRASILEIRO BATE VÁRIOS BORGOGNE

Marco Danielle,  faz vinhos de garagem com características intrínsecas de vinhos de autor, em seu Atelier Tormentas Vinhos de Autor. Ele produz vinhos artesanalmente partindo de uma das melhores matérias-primas disponíveis no Brasil - uvas de Encruzilhada do Sul, Serra Sudeste. A uva vem de cultivo sob produtividade reduzida, obtida por raleios radicais, que respeitam a fisiologia e o equilíbrio da videira. No lagar, os vinhos são elaborados de forma natural e criteriosa. Não são filtrados ou estabilizados artificialmente, de forma a preservar ao máximo os descritores do seu caráter natural. O depósito que pode se forma em garrafa não é para fazer charme, mas para deixar claro que o processo de vinificação transcorre com mínima intervenção ou melhor, com nenhum malabarismo enológico. Como os vinhos são elaborados a zero SO2 (sem conservante INS 220), as condições de guarda têm que ser em ambiente com climatização, sem vibrações e ao abrigo da luz.

A Pinot Noir é uma das videiras mais trabalhosas da vitivinicultura mundial. Planta caprichosa que cria difículdades no vinhedo e na cantina. Por essa razão fracassou na maior parte dos vinhedos do Novo Mundo, não oferecendo vinhos minimamente típicos da casta como os da Borgogne. Virou lema a declaração de uma famosa dama do vinho francês, que afirmou não haver Pinot Noir fora da Borgonha.

Lamenta Danielle: "Algumas notícias abaixo poderiam mudar o conceito do vinho brasileiro mundo afora, incentivando novas iniciativas voltadas à vinicultura natural no país. Mas por não existir interesse comercial, não haverá repercussão na imprensa especializada, a despeito da eventual relevância histórica ou cultural dos fatos."

Um especialista parisiense provou os vinhos Tormentas, Fulvia e Prelúdio, e entusiasmado escreveu que o Brasil agora dispõe de seus próprios grandes vinhos.

Numa degustação temática de vinhos Bourgogne de preço acima de R$ 300,00, realizada na Confraria dos Sommeliers (da qual faço parte),  foi colocado como "pirata" (vinho fora do tema), o Tormentas Fulvia Garage 2009 (Marco Daniele). A degustação, sempre feita às cegas, surpreendeu a todos porque o vinho brasileiro foi considerado Borgogne e mais, o melhor Borgogne do painel!

Em seguida vieram vinhos como Albert Bichot Nuits St Georges 06,  Beaune du Château 1er Cru 07, Nuits St Georges Au Bas de Combe 05, Gevrey Chambertin La Justice 06... e assim por diante.

(leia neste blog mais sobre Tormentas no post de 18 de dezembro de 2010)

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