Embora haja notícias de elaboração de vinho a partir de uvas congeladas nos tempos de Roma, o mais provável é que os primeiros vinhos do gelo pós-romanos foram feitos na região alemã da Francônia (Franken), em 1794. Outros registros apontam para os arredores da cidade de Bingen, Rheinhessen, Alemanha, onde a vindima de 1839 foi transformada em Eiswein em fevereiro de 1830.
Nessa época vinhos doces de colheita tardia eram bem conceituados e gozavam de prestígio entre os néctares de qualidade daquele país. A escalada de melhoria dos vinhos dessa natureza, que havia começado em 1775 com o SpätleseIt do Castelo Johannisberg, Rheingau, foi se completando com o Auslese, Beerenauslese, Trockenbeerenauslese e, mais recentemente, o Eiswein
No longo período entre os anos de 1800 e 1960, a produção do Eiswein foi se tornando uma prática mais corrente, não raro decorrência acidental de problemas climáticos. Neste ano, o desenvolvimento da prensa pneumática que teve excelente perfórmance com as uvas congeladas, inaugurou o gradual aumento da produção de Eiswein.
Para a elaboração de vinhos do gelo, ice wine, Eiswein ou vin de glace, é preciso que as uvas bem maduras sofram um drástico congelamento que, segundo a legislação alemã é de –7°C ou menor, e para a legislação canadense é de –8°C ou menor.
Como pode ser entendido, o clima, além de frio, deve possibilitar que as uvas fiquem nas videiras por muitos meses antes da colheita nas condições requeridas. Se o congelamento não acontece no devido momento, os bagos de uva podem sofrer podridão tornando-se inúteis para qualquer prática enológica. Se o congelamento é muito forte, digamos, para além dos –14°C, as prensas podem sofrer danificação.
As uvas muito maduras congeladas geram um mosto com alto teor de açúcar e isto impõe um longo tempo à fermentação que pode perdurar por meses.
Nós brasileiros podemos nos orgulhar pois já estamos produzindo Eiswein através da vinícola Pericó, São Joaquim, Santa Catarina, empresa comandada pelo perfeccionista empresário, meu amigo Wandér Weege.
As condições necessárias para se produzir o Icewine não ocorrem todos os anos em São Joaquim, mas nesse 2011, com as temperaturas bem abaixo de zero na madrugada de 28 de junho de 2011, a Vinícola Pericó iniciou o processo de elaboração da safra 2011 do Pericó Icewine. As uvas Cabernet Sauvignon, perfeitamente maduras, estavam congeladas naturalmente a -9º C, quando a colheita foi cuidadosamente realizada.
Este é o 2º ano em que a Vinícola Pericó registra em seus vinhedos o fenômeno da natureza mais esperado do inverno: o gelo, em condições perfeitas para a produção desse vinho raro. Em 4 e 12 de junho de 2009, com os termômetros marcando -7,5º C, esse sonho se tornou realidade pela primeira vez. O 1º Icewine foi produzido no Brasil em uma ação ousada e pioneira da Vinícola Pericó e lançado em uma data especial, 10/10/10, às 10h10min10seg.
A Vinícola Pericó apresentará, em 2012, a 2ª safra do Icewine genuinamente brasileiro, com qualidade equivalente aos tradicionais Icewines produzidos na Áustria, Alemanha, Itália e Canadá, principalmente.
Enquanto na maioria dos países produtores de Icewine, como Alemanha, Áustria e Canadá, as uvas são das variedades brancas, na Pericó a eleita foi a Cabernet Sauvignon, escolhida por ser a de colheita mais tardia. É também a única capaz de sustentar seu lento amadurecimento nas parreiras até a chegada das temperaturas negativas do inverno na altitude de São Joaquim (SC), onde se situa a Vinícola Pericó.
Nenhum comentário:
Postar um comentário