Quando visitei o noroeste argentino, desde Salta até Cafayate, fiquei entusiasmado com as potencialidades vinícolas das fraldas dos Andes, com seus terrenos pedregosos, mesclados com calcário e argila, e embalados pelos benefícios da altitude. O clima seco pode sustentar uma vitivinicultura minimamente intervencionista, mais natural e ecológica, que se concretiza com as várias vinícolas biodinâmicas ou orgânicas já operando como a Colomé, a Nanni e outras.
A minha grande e agradável surpresa com a apresentação da Altos las Hormigas se deve à filosofia dessa bodega que persegue a efetiva qualidade premium em um terroir, antepondo-se à banalização atual dos vinhos que tende a nivelar uma qualidade que pode até agradar ao gosto comum, mas que fica devendo muito em consistência.
Um grupo de empresários italianos de grande expressão naquele país, focado em identificar um terroir e a sua melhor interpretação vinícola, ficou impressionado com o potencial da Malbec na região de Mendoza, Argentina, e investiu numa pesquisa detalhada das melhores partes daquela província para produzir Malbec realmente distintivos.
Um ator importante desse espetáculo foi Pedro Parra, um dos maiores especialistas em terroir do mundo, que mergulhou efetivamente nos terrenos, rios, declives e solos, trazendo à luz interessantíssimas conclusões.
O resultado foi imediato e os primeiros tintos de estrutura e profundidade, com acidez harmonizada aos taninos elegantes, consagraram os rótulos Altos Las Hormigas Malbec.
No dia 29 de junho passado, a Mistral trouxe um dos sócios fundadores da Altos Las Hormigas. o especialista em vinificação, Alberto Antonini e o “señor de los terruños” Pedro Parra, para contar os sucessos do Projeto Terroir para um grupo de formadores de opinião.
EMPRESÁRIO ALBERTO ANTONINI, UM DOS GRANDES MENTORES DO PROJETO
Para ilustrar toda explanação sobre a evolução do Projeto Terroir foram degustados cinco vinhos:
1. Colonia Las Lebres Bonarda 2009 – cor viva, aromas de frutas vermelhas como a pitanga, toques florais delicados de violetas sobre notas vegetais da begônia, corpo médio na boca, que recebe o ataque de taninos bem comportados e acidez saliente. Boa boca e persistente. Excelente custo-benefício. Preço: US$ 16.90
2. Altos Las Hormigas Malbec 2010 – Lujan de Cuyo e Valle de Uco – pioneiro argentino que se tornou um clássico, cor viva, aromas frutados a ameixa preta sobre tons florais da violeta, toques de baunilha com leve apimentado, corpo médio, frutado na boca, tanino gentil e macio. Final persistente. Preço: US$ 24.50,
3. Altos Las Hormigas Malbec Terroir 2009 – Valle de Uco – cor viva, ameixa preta madura, toques achocolatados sobre tons de tabaco, boca agradável com bom preenchimento, frutas e baunilha sobre taninos levemente adocicados. Final de boca agradável e longo. Preço: US$ 39.90.
4. Viña Hormigas Reserva Malbec 2006 – cor viva, toques de alcatrão, baunilha, especiarias, dando fundo a um frutado vigoroso de cereja e ameixa branca, com sutis toques de jabuticaba, boca generosa, textura aveludada, taninos fortes e acidez bem presentes, final de boca pleno e persistente. Preço: US$ 52.50.
5. Altos Las Hormigas Malbec Single Vineyard 2006 – parcela de vinhedo identificada no Valle do Uco, no antigo leito de um rio em Vista Flores, na altitude de 1250 metros, cor viva, explosão floral de violetas, toques mentolados, tabaco, casca de jabuticaba e tons achocolatados e de especiarias aportados pela passagem por barricas novas de carvalho francês, boca muito bem preenchida, corpo mastigável, taninos incisivos, acidez presente em equilíbrio com o álcool. Vinho muito bom, agradável e de final de boca longo,. Recomendação: comprar e guardar uns anos. Preço: US$ 179,00.
Apresentação e painel que me levaram a pensar que realmente tivemos "vinos hormigables"!
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