quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

CANADÁ - TERRA DOS VINHOS QUASE IMPOSSÍVEIS

A vitivinicultura canadense teve um acanhado começo em 1811 com o alemão, Hohann Schiller que teve sucesso em domesticar videiras labruscas (americanas nativas locais) e formar um vinhedo de quase 12 hectares às margens do rio Credit, a oeste de Toronto.Em 1866, três fazendeiros americanos do Kentucky montaram a Vin Villa, a maior vinícola do Canadá, na  ilha Pelee, do Lago Erie, com 8 hectares da híbrida americana Isabel. Na última década do século XIX, a vitivinicultura canadense era formada por 41 vinícolas, 35 somente em Ontario.

Embora numericamente tivesse ocorrido um aumento significativo das vinícolas até meados da década de 1970, os vinhos canadenses continuaram sendo baseados em uvas labruscas ou híbridas americanas, com caráter predominante do gosto doce dos fortificados com álcool vínico, ostentando nomes propositadamente equivocados nos rótulos como Sherry ou Porto.

A partir de 1975 entra em cena o movimento de mudança de vinhedos de labruscas para viníferas e de se abandonar gradualmente a prática de produzir vinhos fortificados, dando abertura para vinhos secos de qualidade razoável. No segmento dos vinhos de sobremesa aconteceu uma das grandes revelações dos vinhos canadenses que foi o Eiswein ou Icewine.

Neste período se deu a abertura de muitas boutique wineries com a pequena vinícola Inniskilin, na região de Niagara Falls, a primeira a receber licença de funcionamento após a Prohibition Law.


Em 1988 foi introduzido o sistema de denominação de origem nestes departamentos, denominado VQA –
Vintners Quality Alliance, impondo regras disciplinadoras para a mínima densidade do mosto, deixando livre, ainda, o rendimento dos vinhedos. De klá para cá o Canadá passou a aumentar a quantidade de rótulos com qualidade internacional e se consolidou em quatro origens importantes:

Ontário – é a maior região vinícola do país com mais de 7.000 hectares de vinhedos e situa-se próximo das Cataratas de Niágara, nas margens ou nas ilhas dos lagos Erie e Ontario, clima similar ao da região americana dos Finger Lakes. A máxima temperatura no verão é de 24°C, mas o calor necessário à maturação das uvas vem do efeito de água quente do Lago Ontário. Vinícolas de expressão: Cave Spring Cellars, Châteaudes Charms, Daniel Lenko Estate Winery, etc.

British Columbia – região situada na costa do Oceano Pacífico e assim tem similaridades com a região americana do estado de Washington. Compreende mais de 2.200 hectares de vinhedos que estão concentrados principalmente nos vales Okanagan e Similkameen, parte dos quais é área desértica. A temperatura no verão é de 30°C, podendo atingir 40°C. Com  céu sem nuvens  nesta época, as noites não tem calor armazenado e são mais frias. O maior risco vem das nevascas e do ar gelado que obrigam o uso de ventiladores de ar quente.Vinícolas de expressão: Alderlea , Venturi Schulze, Winchester Cellars, etc.

Quebec – composta de vinícolas localizadas entre as latitudes 45 e 47° Norte, uma região de condições extremas, pois a geografia vitivinícola internacional considera como regiões apropriadas aquelas localizadas entre as latitudes 30 e 40° Norte. São vinhaeiros corajosos e que enfrentam desafios extremos. No inverno a temperatura pode cair para até - 30°C, resistindo somente as híbridas e dificultando o plantio de viníferas cujo limite é de - 20°C. Vinícolas de expressão: Vignoble du Marathonien (Seyval Blanc, Vidal, Cayuga, etc), Vignoble les Pervenches (Chardonnay, Seyval Blanc), Vignoble Chapelle Ste Agnes (Icewine de Gewurztraminer), Vignoble Cappabianca (Pinot Noir), etc.


Atlântico Canadá (Nova Scotia) – região atlântica muito fria, mas que apresenta alguns pontos de mesoclima adequado ao cultivo da videira vinífera. Têm sido plantadas videiras sino-asiáticas, Vitis amurensis, que são as mais adaptadas ao frio intenso, nas variedades Michurnitz e Severnyi trazidas da Rússia. O emprego das híbridas americanas é corriqueiro com as variedades Seyval Blanc, Marechal Foch, Baco Noir, Geisenheim, entre outras. Vinícolas de expressão: Domaine de Grand Pre (híbrida canadense L'Arcade, Icewine deVidal), Jost Vineyards (Foch, Baco Noir, L'Arcade, Pinot Noir, Chardonnay), etc.

Finalizando, a grande vedete canadense passou a ser uma bebida gentil, aromática e untuosa, os vinhos do gêlo, Icewine, Eiswein ou Vin du Glacier. Deliciosos vinhos de sobremesa.

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