sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

ESTADOS UNIDOS - MUITOS VINHOS ALÉM DA CALIFÓRNIA

Aproveitando minha última viagem pelos Estados Unidos fui ver de perto, mais uma vez, os bons vinhos fora da Califórnia, nas novas fronteiras que estão se desenhando e que já estão começando a surpreender o mundo. Vou democratizar neste blog o que vi e aprendi!

PARTE I - RAÍZES HISTÓRICAS

A história do vinho americano não é igual à do vinho brasileiro, embora no mundo atual são os dois únicos países que produzem grandes quantidades de vinhos de híbridas americanas como Isabel, Niágara, Catawba, Herbemont, Seyval Blanc, Baco Noir e outras zurrapas do gênero.

A vitivinicultura norte-americana foi formada por duas correntes históricas independentes, uma na costa leste, comn videiras americanas e viníferas, e outra na costa oeste, na Califórnia, baseada somente em castas viníferas.

As tentativas na costa leste começaram antes do descobrimento em tempos situados entre os séculos X e XIV, quando os escandinavos visitavam costumeiramente a costa atlântica para coletar uvas americanas.

No ano 986, Biane explorou a região, e depois, outros escandinavos, Leif Erikson e seus irmãos, buscaram  uvas na região da atual Massachussets. Daí a primeira denominação da América do Norte foi de Vinland.

Em 1564, chegaram os primeiros europeus que se entusiasmaram com a profusão de videiras selvagens americanas e tomaram iniciativas de cultivo para obter vinho. O vinho obtido não agradou devido aos aromas e sabores estranhos para o paladar europeu.

Os projetos vitivinícolas formaram uma seqüência de fracassos ao longo dos séculos  XVII e XVIII: Hughenotes franceses (1609 - Flórida), Projeto Savannah (Georgia – 1730), Thomas Jefferson (Monticello – 1761), Willian Penn (Pennsilvania – 1763), Legaux (Pennsilvania – 1763), Dufour / suíços ( Kentucky – 1793), enfim, todas as iniciativas baseadas no plantio de videiras européias (viníferas) terminaram em total insucesso.

Em 1800 John Alexander, empregado de Willian Penn, identificou uma nova videira nos arredores da fazenda que passou a cultivar num ensaio para ver que resultado daria. Nos seus experimentos verificou que o vinho obtido era menos agressivo e a nova videira foi propagada como sendo originária da Cidade do Cabo (África do Sul). Por isso recebeu o nome de Cape e suas mudas foram disseminadas pelo viveirista Legaux.

O vinho obtido da Cape surpreendeu aos mais entendidos e recebeu aprovação geral, tornando-se  um grande incentivo para o plantio de muitos vinhedos, dando perfil à vitivinicultura da costa leste. No auge desta euforia, avaliações técnicas sérias revelaram que a Cape não passava de uma variação de videiras Labrusca, sendo que seu nome foi mudado para Alexander.

Esta revelação não chegou esfriar as iniciativas porque a Alexander havia provado com seu vinho que era possível uma vitivinicultura baseada nas híbridas americanas, abrindo espaço para um novo esforço que revelou muitas outras variedades, entre elas, a Catawba, a Isabel, a Herbemont etc.

A Isabel, depois de muito sucesso nos Estados Unidos, ganhou os vinhedos do mundo entre 1830 e 1850, inclusive o Brasil em vinhedos na cidade de São Paulo e na Ilha dos Marinehiros, Lagoa dos Patos, Rio Grande do Sul.

Por seu lado, a corrente da costa oeste teve desenvolvimento tranqüilo, sempre baseado no cultivo de variedades viníferas européias.

Em 1779, missionários franciscanos espanhóis levaram videiras cultivadas no México para plantar na Califórnia a fim de garantir o vinho da eucaristia católica.

Embora com início inexpressivo pela falta de população consumidora local, o vinho da costa oeste apresentou evolução discreta mas sempre contínua até a anexação da Califórnia aos Estados Unidos em 1847.

Passada a febre da corrida do ouro, os vales de Sonoma e de Napa concentraram iniciativas vitícolas mais expressivas.

No final do século 19 ocorreram grandes investimentos e a região atingiu a produção de 1.100.000 litros/ano, principalmente das castas Zinfandel, Chassellas e Mission, envolvendo o impressionante número de 800 vinícolas

De 1920 a 1933, o falso puritanismo vigente nos Estados Unidos desaguou na decretação da Prohibition Law, uma severa lei seca que exterminou com o mercado de bebidas alcoólicas, inclusive o do vinho. A Califórnia que dispunha de 700 vinícolas chegou em 1933 com apenas 160!

Na normalização, ocorreu uma nova onda de expressiva expansão. Nessa etapa a produção foi plenamente ocupada por rótulos de denominação indevida como Burgundy, Chablis e outros.

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