domingo, 9 de janeiro de 2011

VINHO: ORIGENS MUNDIAIS DAS VIDEIRAS

Houve uma época em que o clima da Terra era relativamente homogêneo, calor e umidade reinavam nas grandes florestas equatoriais que cobriam praticamente toda a sua superfície. Especificamente na região do atual polo norte floresciam as Euvitis, subgênero das Vitis, ancestrais das videiras dos nossos tempos.

No processo de consolidação da Terra aconteceu um gradual resfriamento das calotas polares e o correspondente aquecimento da faixa equatorial. Com o recrudescimento daquele esfriamento, mudando radicalmente o clima no berço primeiro tornando-o cada vez mais radicalmente frio, foram se conformando três grandes troncos de videiras.



O primeiro tronco de videiras afeito a climas secos, deslocou-se na busca do terroir mais adequado à sua fisiologia e migrou através da Islândia, Grã Bretanha, Europa e foi se estabelecer definitivamente no Oriente. Fósseis de Vitis islandica, encontrados na Islândia, de Vitis britanica, encontrados na Grã Bretanha, de Vitis sezanensis, encontrados ao redor da vila francesa de Sezanne, e muitos outros, foram as testemunhas materiais desta trajetória.



No Oriente, o berço final desse primeiro tronco foi a região dominada pela Armênia, Turquia e Geórgia, próximo das balizas naturais dos montes Taurus, Ararat e Cáucaso. Este grupo constituiu a espécie Vitis vinifera ou o tronco Euroasiático.

O segundo tronco, mais ajustado a climas úmidos, pouco disposto a grandes esforços e aos sacrifícios das longas migrações, limitou-se a fugir do frio descendo pelo Canadá, através da região dos grandes lagos e de Niagara Falls, passou pela costa leste dos Estados Unidos, do México até chegar à Costa Rica. Animaram-se com vários pontos úmidos especiais e formaram as diversas espécies de videiras americanas (V. labrusca, V. aestivalis, V. caribae, V.riparia e muitas outras), todas do tronco Americano.

Finalmente, o terceiro tronco, por mais que se ajustasse a climas frios, sentiu que as temperaturas polares estavam abaixo da temperatura mínima aceitável pela sua fisiologia e fugiram através do Alasca para se estabelecer em região de frio suportável no norte do Japão e em partes da Mongólia e Sibéria, especialmente na bacia do rio Amur.

Ai foram ocorrendo as espécies de videiras de clima frio, as Vitis amurensis, Vitis romanetti e outras, do tronco Sinoasiático.

Cada um desses troncos, suas espécies e suas variedades de videiras tem importância específica para a viticultura mundial mas, para o mundo do vinho, a grande figura pertence às Vitis vinifera.

Um comentário:

Vinícius disse...

Boa tarde, Sr. Sérgio, gostaria de parabenizá-lo pela qualidade de seu blog e convidá-lo à visitar o meu blog, o Vinõte Sousa, sou pesquisador estratégico do mercado de vinhos e seria uma honra um comentário seu. Um forte abraço!