quarta-feira, 8 de junho de 2011

TERRAVIVA (TV BAND) CONVERSA SOBRE VINHO (1)

Neste último dia 7 de junho o programa Dia Dia Rural, TV Terraviva, do Otavio Ceschi Jr, incluiu na sua agenda uma  conversa sobre o vinho nacional e o consumidor brasileiro. Muito lúcido, como sempre, colocou perguntas objetivas que suscitaram a necessidade de trazer maiores explicações no âmbito deste blog.

Não vou reproduzir perguntas e repostas porque o programa é amplamente esclarecedor. Vou completar a abordagem de alguns dos tópicos, um por vez, dentro da filosofia de informar o mais claramente possível os que me acompanham pelo blog, pelo site e pelas mídias escritas.

Uma das questões levantadas remete a saber por que razões o brasileiro não tem o hábito de consumir vinho. Seria um problema cultural?

Não. Não se trata de traço cultural brasileiro. Na verdade, o problema é histórico. Nossos colonizadores não permitiramn o desenvolvimento da vitivinicultura pelos brasileiros que foram induzidos a arranharem terras dos sertões para encontrar e lhes entregar pedras e metais preciosos. A cana de açúcar no Nordeste teve outra conotação porque a produção ícone mundial na Ilha da Madeira não dispunha de territórios para a expansão. Troca-se a Ilha da Madeira elabora vinhos e o Brasil açúcar!

Para os que não conseguem enxergar essa corrente histórica basta rever que o Brasil permaneceu sem vitivinicultura praticamente até 1822, ou seja, 322 anos de obscurantismo colonial! Houve uma inexpressiva iniciativa de Brás Cubas, quando veio com Martim Afonso de Sousa, mas a condescendência morreu juntamente com o próprio pai da idéia.

Um grupo de paulistanos tentou elaborar vinhos em suas propriedades na cidade, mas eles se caracterizaram sempre como diletantistas que não dependiam do vinho para sobreviver.

O vinho brasileiro realmente nasceu a partir da chegada dos imigrantes italianos em 1875 e da implantação de uma ampla vitivinicultura baseada em híbridas americanas, ou seja, aprendemos desde cedo a tomar vinhos de baixa qualidade.

A verdadeira imagem do vinho brasileiro tem pouco mais de 20 anos. Repito, 20 anos! O vinho brasileiro moderno vem de iniciativas efetivas ao redor de 1990. Mas ainda não soltem rojões, amigos! Do nosso consumo insignificante e ridículo em torno de 2,2 litros per capita ano, apenas 30-35% são de vinhos finos, a crassa maior parte continua sendo de vinhos impotáveis.

2 comentários:

Anônimo disse...

Mestre Sérgio, mais uma vez, seu comentário é de extrema importância pra trabalhar a transformação dessa problemática herança histórica quanto a produção e consumo de vinhos finos no Brasil.. me considero uma pessoa de sorte por estar próximos da serra gaúcha e poder pesquisar in loco o trabalho dos produtores... hoje parto pra Mendoza com o intuito de pesquisar vinos y asados, e também verificar como fazem os serviços do vinho nos restaurantes e enotecas...
saludos
jose@penadelsur.com.br

Anônimo disse...

Mestre Sérgio, mais uma vez, seu comentário é de extrema importância pra trabalhar a transformação dessa problemática herança histórica quanto a produção e consumo de vinhos finos no Brasil.. me considero uma pessoa de sorte por estar próximos da serra gaúcha e poder pesquisar in loco o trabalho dos produtores... hoje parto pra Mendoza com o intuito de pesquisar vinos y asados, e também verificar como fazem os serviços do vinho nos restaurantes e enotecas...
saludos
jose@penadelsur.com.br