segunda-feira, 20 de maio de 2013

VINHOS ALEMÃES - ENTENDENDO MAIS SEUS RÓTULOS


Nos idos das últimas décadas do século passado, o consumidor brasileiro estava mais apegado aos vinhos brancos e faziam grande sucesso os portugueses vinhos verdes e os alemães brancos adocicados , inclusive os da garrafa azul. Lembrando bem, foi a fase do Liebfraumilch, que os menos letrados em alemão traduziam erradamente com "leite da mulher amada".
 
Viagens ao país de Goethe mostraram que eles mesmos tinham suas preferências por vinhos melhores e, enquanto inundavam o mundo com vinhos para principiantes, importavam grandes caldos de origens famosas.
 
Até hoje a Alemanha situa-se entre os primeiros dentre os países importadores de vinho, comprando anualmente, nada mais, nada menos, do que 2.000.000.000 litros! Internamente são elaborados vinhos bem superiores aos da garrafa azul!
 
Na década de 1990, o consumidor brasileiro começou um movimento em direção aos vinhos tintos, talvez carona com os portugueses encorpados e os chilenos sempre benvindos. No presente mîlênio, o consumo brasileiro consolidou-se nos tintos, apesar do grande crescimento dos espumantes e a participação menor dos brancos. Mas essa nossa história, recente e sem tradições, não nos autoriza a desdenhar sobre os bons vinhos brancos ou tintos alemães. Pena é que eles não têm mais chegado na profusão que chegavam àquela época.
 
Para os bons apreciadores de vinhos do mundo, cada região tem suas características impressas na tipicidade de seus vinhos. 

Fora da geografia vitivinícola mundial, que se enquadra de modo mais ou menos aproximado as latitudes de 30° a 45°, os vinhedos alemães são os mais setentrionais dentre todos, localizando-se entre as latitudes 49° e 51°. Traduzindo para vinhos, esta localização quer dizer menor insolação para o desenvolvimento do ciclo vegetativo e para o amadurecimento das uvas.

Agarrando-se nas íngremes encostas  à beira dos famosos rios Reno e |Mosele, o produtor alemão conduz as videiras dos seus vinhedos de forma a se projetarem em direção ao sol. A grande massa de água dos rios amazena calor e age como moderador do frio da atmosfera. Por outro lado, devido à uma feliz associação dos ângulos dos raios solares e das encostas, a superfície dos rios serve como refletora e aumenta a incidência dos raios solares sobre as videiras. 

Destes  fatores, entre outros, depende a maturação dos cachos de uva, com predominância de variedades brancas que alcançam mais do que 80% dos vinhedos.

A qualidade dos vinhos varia dependendo do rio em que se localizam os vinhedos. por exemplo, o solo dos vinhedos do Mosel é um enplaquetado de ardósia e basalto, que confere ao vinho algo mineral. Nas margens do Reno, outras condições de solo, os vinhos adquirem tons mais frutados.

Embora sejam registradas mais de uma centena de variedades distintas de uva, imperam a branca Riesling Renana e a tinta Pinot Noir, lá chamada de Spätburgunder.

A escalada da qualidade dos vinhos alemães é estabelecida e garantida pela legislação nacional que compõe-se de quatro níveis níveis: 

Tafelwein, vinho de mesa, elaborado normalmente a partir de uvas sem a madurez completa, resultado de produção em massa, muitas vezes requerendo a adição de açúcar para atingir grau mínimo de álcool. Não tem obrigaçao legal de passar por análises oficiais prévias de qualidade, para classificação de comercialização. Menos de 5% da produção.

Deutscher Landwein – como o vin de pays francês, com origem obrigatória em uma das 19 regiões oficiais Landwein. A lei exige uvas com maior madurez e a realização de análises prévias oficiais para classificação e rotulação. Existe desde o ano de 1982. Quanto ao açúcar residual, pode ser Trocken (seco) ou Halbtrocken (meio seco). Cerca de 5% da produção

Qualitätswein bestimmter Anbaugebiete (QbA). Vinhos de qualidade com indicação de uma das 13 regiões de origem oficializada, que podem receber, em casos especiais, adição de açúcar  para alcançar a graduação mínima de álcool. Correspondem a cerca de 30 a 80% da produção alemã. 
 
Recebem, após a aprovação em testes reais de degustação, um número oficial que deve aparecer no rótulo como AP (Amtiliche Prüfungsnummer), constituído por 10 a 12 dígitos inteligentes.

Qualitätswein mit Prädikat (QmP). Vinho de Qualidade com Predicados Especiais, uma classificação legal para o vinho de qualidade de uma das 13 regiões oficiais, vila ou vinhedo. Esta é a mais alta classificação do vinho alemão.

Um comentário:

antonio carlos disse...

Parabéns pelo texto, conteúdo técnico escrito em uma estrutura de fácil compreensão que contribui de forma significativa para os apreciadores de vinho.