segunda-feira, 4 de março de 2013

AS VIDEIRAS NO TÚNEL DO TEMPO (1)


A família das Vitáceas, das avós das atuais videiras, compreende dez gêneros de plantas trepadeiras tropicais dentre os quais pode ser destacado o género Vitis Tourn., que inclui os subgéneros Muscadinia  e Euvitis. As Vitáceas têm origem num passado muito anterior ao do Homem, citações  dão conta da sua existência desde a parte final da Era Mesozóica, adentrando a Era Cenozóica, qualquer coisa distante da atualidade em cerca de 100 milhões de anos.

A Era Cenozóica compreendeu dois períodos , Terciário e Quaternário.

Essa hipótese de evolução tem por base que nesses tempos o clima mostrava alterações importantes com calor intenso no equador e frio extremo nos pólos, incluindo variações de intensidade de acordo com estações do ano.

A vida terrestre, marítima e aérea surge lentamente como um intenso fenômeno.

O processo  foi condicionado por acontecimentos em âmbito planetário, relacionados com a acomodação das placas da crosta terrestre que foram moldando inicialmente a geografia através dos tempos, com a formação das cadeias de montanhas, que formaram barreiras naturais com influência na distribuição do clima e suas flutuações, desenvolvendo condições para o aparecimento da vida, animal e vegetal.

Quando o Homem apareceu sobre a Terra no período Quaternário, rústico e quase animal, a videira já existia com milhões de anos de antecedência, desde o início do período Terciário, prosperando nos bosques e matas cerradas, na forma de longas trepadeiras apoiadas sobre as árvores na busca do sol.

Estudos científicos a partir da análise de fósseis apontam como berço original das Vitáceas a região setentrional do planeta, atualmente representada pelas frações do grande continente ancestral chamado Oloártica,  incluindo Alaska, Canadá, Groenlândia, Islândia e outras partes próximas.

No período Quaternário ocorreram glaciações nesta parte do planeta e as videiras primitivas foram se deslocando para as partes meridionais, mais quentes, protegendo-se em três principais refúgios: migrando costa leste americana abaixo (berço norte-americano), alcançando a Ásia via Alaska (berço sino-asiático) ou bordando costas mediterrâneas até a Armênia (berço armênico).

Assim a sobrevivência de muitas espécies nestas diferentes áreas protegidas veio, mais tarde, alimentar a difusão das distintas famílias de videiras pelos refúgios de aclimatação norte-americanas, européias e asiáticas, berços que garantiram a viticultura em tempos recentes.

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