A partir de 1875, com a chegada dos imigrantes italianos ao Rio Grande do Sul, atividades vitivinícolas brasileiras conheceram seu efetivo início. Observa-se claramente que anteriormente não havia o segmento de vinho brasileiro, cujo nascimento se deve ao trabalho dos imigrantes nos seus lotes "coloniais". Na entrada dos anos 1900,essas atividades experimentaram um grande incremento.
Essa situação disparou o
trabalho pessoal e solidário de um padre chamado Amstad que tentou agregar as pequenas
forças produtivas do estado em torno de cooperativas, a fim de lhes dar mais força nas
negociações. Quando morreu, aos 86 anos, em 1938, suas andanças tinham
acumulado ao redor de 129 mil quilômetros pelo interior riograndense, contexto
em que participou da fundação de 62 cooperativas de produtores agrícolas. Foi uma primeira onda cooperativista que não
atingiu concretização e, assim, não conseguiu resolver o problema da área vinícola.
Assim o Brasil havia iniciado a absorver resquícios do pensamento ideológico europeu. No Rio Grande do Sul, esta
corrente foi apoiada firmemente pelo Governo Estadual que, para levar avante a
tarefa de difundir conceitos e mobilizar simpatizantes, trouxe o ideólogo italiano Dr. Stefano Paternó, personalidade aderida ao movimento cooperativista europeu de longa data.
Reunião
histórica de Paternó com personalidades gaúchas pelo coopereativismo
A absorção e aceitação
das idéias cooperativistas, eloqüentemente defendidas por Paternó, ocorreram de
forma surpreendente em todas as partes visitadas por ele. Uns por convicção,
outros por necessidade e, ainda outros, para agradar às autoridades locais,
engrossaram fila em torno do cooperativismo e foram ingressando, em massa, nas
sociedades que iam surgindo. Num curto espaço de
tempo, foram sendo formadas cooperativas, sob a liderança de Paterno, em Porto
Alegre, Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Garibaldi e outras cidades.
Estas organizações, totalizando condições operacionais de praticamente
13.000.000 litros, dispunham de uma capacidade de vinificação para atender
quase que completamente a produção dos parreirais da região.
Tão rapidamente como foram constituídas, também desmoronavam fulminante
e desastrosamente, devido, principalmente, aos seguintes fatores:
1°) a admissão de sócios despreparados
para uma ação cooperativista e outros com interesses ocultos de fazer capitular essas novas sociedades;
2°) a contrapropaganda e o boicote que
o negociante fez junto ao produtor;
3°) a má administração que geralmente
era atribuída a gente sem idoneidade que agia em benefício próprio ou de
outros;
4°) a deficiência gerencial de
elementos despreparados colocados em funções importantes;
5°) as múltiplas finalidades sem
simetria conceitual a que se propunham as cooperativas;
6°) a crítica situação da conjuntura
econômica brasileira;
O que sobrou de positivo deste movimento fracassado foram
as sementes dos conceitos cooperativistas, lembranças marcadas pela eloqüência
das palestras e pelo que restou dos grandiosos prédios e equipamentos de
produção, que viriam a renascer com força máxima na nova fase de 1929.
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