A antiga União Soviética desde vários séculos enfrenta problemas com o alcoolismo que afeta boa parte da população. Nesse longo período têm contribuído para o agravamento desse problema social os constantes movimentos de lutas revolucionárias e os reflexos da participação em grandes guerras mundiais.
Na Rússia tem predominado de uma forma vertical na estratificação social o hábito do forte consumo de vodka, quer nos encontros sociais, quer nos eventos familiares. O clima tem lá sua contribuição.
Para se ter uma idéia da dimensão do problema basta saber que com os impostos arrecadados do volume consumido anualmente, antes da I Guerra Mundial, o governo soviético cobria uma terça parte de todos os seus gastos. Havia ainda, como ocorre em qualquer outro país, a produção clandestina e a fabricação familiar.
Após a constatação do tamanho do flagelo, aconpanhamentos estatais registraram um grande número de internações psiquiátricas decorrentes do alcoolismo, quantidade que veio a se quadruplicar após a II Guerra Mundial.
Como firme resposta oficial, o Estado encetou campanhas de esclarecimento e impôs legalmente restrições à comercialização da vodka em locais públicos. Para reforçar o pêso das medidas, deflagrou a ação mais efetiva com o aumento drástico do preço da vodka em cerca de 60%.
Aparentemente inexplicável, a medida também aumentou o preço do vinho em 150%, cifra esta que, embora elevando sensivelmente o valor do vinho para o consumidor. propositadamente levava-o para o mesmo patamar do antigo antigo preço do litro da vodka, qualquer coisa como 2,50 rublos o litro.
Com a nova precificação ocorreu relativa migração de consumidores e a produção doméstica de vinho teve um incremento acima de 400% no período entre o pós-guerra e o ano de 1960, chegando à casa dos 800 milhões de litros. Na União Soviética a produção de vinhos ocorria em muitas de suas repúblicas, destacando-se como grandes produtores Russia, Ucrania, Moldovia, Georgia e Azerbaijão.
O incentivo de preços e o resutante aumento de consumo produziram efeito de constante expansão da fabricação do vinho que atingiu em 1980, a incrível cifra anual de 4.8 bilhões de litros, colocando a União Soviética em quarto lugar entre os maiores produtores mundiais, logo depois da Itália, França e Espanha.
Após assumir a liderança da União Soviética, Gorbachev disparou fogo pesado contra o alcoolismo, inclusive com erradicação de vinhedos e fechamento de muitas cantinas que, indiretamente, contribuiu para a elevação da qualidade do vinho soviético. O resultado dessa campanha foi o drástico abaixamento da produção anual para 1,6 bilhões de litros.
O consumo de vinho per capita por ano na atual Rússia isolada pode ser estimado como se aproximando dos 8 ou 9 litros, resultado de um aumento constante de consumidores, saídos da emergente classe média. Neste contexto moderno o consumidor russo vem impondo maiores exigências de qualidade do vinho que compra.
A produção doméstica é insuficiente para atender à procura existente, sendo que a maior parte do vinho consumido na Rússia era importado de países da antiga União Soviética e, mais recentemente, de novas origens fora dessa esfera.
A Rússia pertence ao pequeno grupo de países onde o consumo de vinho é crescente, numa razão muito próxima dos 10% ao ano e como a sua produção não tem capacidade de acompanhar o aumento da demanda, seu mercado deve ser avaliado com muita atenção e a entrada nele estudada com muito espírito empreendedor.
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