sexta-feira, 16 de setembro de 2011

DEGUSTAÇÃO DE VINHOS - CONCEITOS E PRÁTICAS (2)

(2) ENTENDENDO O QUE SE PASSA NOS VINHEDOS


A natureza do vinho. suas qualidades e a capacidade de envelhecer nobremente, predicados presentes nessa bebida alcoólica resultante da fermentação de uvas sadias e maduras (ou supermaduras).cuja fonte original está na matéria prima uva, logo, está nos vinhedos de onde prevêm.

Porisso, entender melhor a natureza dos vinhos implica conhecer detalhes da sua origem, condições climáticas da região produtora, castas típicas principais e as práticas vitivinícolas locais.

As videiras são "eletrodomésticos" plugados na tomada da energia solar através de sua área de folhas, pernosticamente, sua área foliar. As folhas são verdadeiras usinas que trabalham com a insolação para, evaporando líquido, criar um vácuo nas pontas das raízes da planta e, assim, sugar os alimentos existentes no solo. Esses nutrientes sobem pelas raízes, pelo tronco e pelos galhos, e atingem as folhas onde circulam num complexo sistema de canais expostos ao sol. Nessa usina-folha os nutrientes são transformados em seiva para alimentar toda a planta.



 
Simples, ausência de sol, falta de energia, sem energia não sobem nutrientes e nem há a transformação em seiva, faltando o necessário alimento para o crescimento vegetativo e para a frutificação da videira.

Outro aspecto fundamental é a da ocorrência de chuvas na fase final de amadurecimento e colheita das uvas. As chuvas dotam o solo de excesso de água que pela abundância, diluem os nutrientes e a qualquer sucção, preenchem os canais das folhas praticamente de água, parte evaporada e parte alimentando as bagas da uva. Estas crescem em volume de água e perdem em açúcar.

Simples, clima úmido na fase final da frutificação das videiras, uvas com insuficiente açúcar para gerar bons vinhos. Recorre-se à prática descontrolada da açucaragem, transferindo o problema das uvas para a cabeça do consumidor que vai doer!

A videira tende a produzir o máximo que a natureza lhe permite. Mas a natureza está pensando mais em alimentação da fauna do que com a qualidade do vinho. A ação do homem através de tratos culturais adequados deve objetivar a limitação da produção por videira de forma que cada baga de uva receba a máxima concentração de qualidade.

A produção de toneladas de uva por hectare pode enganar o apreciador de vinhos cioso na qualidade desde os vinhedos. Por exemplo, 8 toneladas de uva em um hectare pode expressar duas situações. Na primeira eu uso o plantio tradicional e tenho 2.000 pés por hectare, logo, 4 quilos por pé. Na segunda situação, eu adenso o plantio para 4.000 pés por hectare, encurtando cada videira e reduzindo seu comprimento de produção. Terei 2 quilos por pé, ou seja, uvas mais concentradas.

No segundo caso, com os tratos culturais podem partir de uma videira com 4 quilos. Na mudança de cor, quando as bagas começam a pintar, faz-se um raleio de cachos, reduzindo para, digamos, 2 quilos. Na vindima eu conduzo uma colheita seletiva, reduzindo para 1,8 quilos que com a seleção na alimentação, posso estar trabalhando com 1,5 quilos de uvas boas selecionadas.

O momento da colheita não pode mais ser confiado na opinião do experiente "nono", que aprendeu tudo com o "bisnono". Hoje você tem que medir a maturação. Uva madura com uma excelente concentração de açúcares, com taninos e demais polifenóis maduros.

Nesse contexto tem-se a possibilidade de produzir bons vinhos, baseando-se somente na qualidade da uva, sem intervencionismos ou truques enológicos.

Um comentário:

João Veloso disse...

Parabéns pelo texto . Sempre aprendo bastante . Como é complexa esta relação da videira com o solo e o clima!