domingo, 4 de setembro de 2011

MARIA VALDUGA BRUT 2006

Para quem gosta de, de vez em sempre, beber estrelas, recomendo apreciar essas estrelas brasileiras de primeira grandeza, fruto de viticultura apuradíssima e enologia de cuidados extremos. Trata-se do espumante Maria Valduga, elaborado de uvas vindimadas em 2006.

Sem medo de exagerar, eu poderia estar falando sobre um desses champagnes especiais, fruto da caprichada produção de uma das grandes casas da Champagne, orgulhoramente me prendo a um espumante brasileiro da Casa Valduga, vinícola que influenciada pela opinião de sua matriarca Maria Valduga, lançou-se no campo dos grandes espumantes elaborados pelo método champenoise.

O espumante Maria Valduga é uma homenagem à sonhadora matriarca e, portanto, não poderia deixar de ser uma verdadeira jóia. Sua garrafa e paramentos mostram uma embalagem luxuosa digna de uma rainha!

Seguindo o método champenoise, a composição varietal levou 80% de Chardonnay e 20% de Pinot Noir, uvas coçhidas no Vale dos Vinhedos, cidade de Bento Gonçalves, estado do Rio Grande do Sul.

Os cuidados nos vinhedos começaram com o sistema de produção em espaldeira simples, densidade de plantas de 4000 videiras por hectare, poda em cordão esporonado, controle da produção através da limitação da carga de gemas de 60.000 por hectare, desbrota, desponta, desfolha na região dos cachos, raleio de cachos no momento exato para controle da produtividade. Na vindima, colheita manual e seletiva focando em uvas de máxima qualidade.
Na alimentação da cantina para dar caminho para a vinificação, a primeira providência foi a da seleção final dos cachos  para alimentação da prensagem direta, seguindo-se a prensagem, a separação do mosto flor (50%) e a sua limpeza estática a frio.

Utilizando-se de leveduras selecionadas Saccaromyces Cerevisiae, conduziu-se a fermentação alcoólica sob temperatura controlada entre 15 e 16°C, coroada com estabilização tartárica e filtração. Assim foi obtido o vinho base.

Para a obtenção do espumante, foi seguido o método tradicional com a tomada de espuma, a inoculação de leveduras selecionadas, a adição do licor de extração e o engarrafamento. A segunda fermentação foi conduzida dentro da própria garrafa sob temperatura controlada em 12°C. A maturação transcorreu por 48 meses proporcionando a autólise das leveduras mortas.

Durante este período procedeu-se à remuage em pupitres e, ao final, ocorreu o  degorgement, adição do licor de expedição, fechamento com rolhas e grade, vestimento total da garrafa. Teor alcoólico 13%.

E o resultado disso tudo?

Como não poderia deixar de ser para um espumante de alta categoria, o corpo mostra-se límpido, cristalino e brilhante, na coloração amarelo palha. O perlage é muito fino e se desenvolve persistentemente em finíssimas correntes ascendentes de bolhas que brotam do fundo, sobem decididamente para a superfície e se espraiam em uma generosa coroa de espuma de aspecto cremoso.

A lenta maturação traz ao nariz um ataque intenso de aromas delicados, com notas de frutas brancas como a pêra e a maçã, que na evolução mostram toques de frutas em calda, sobre traços de brioches amanteigados e biscoitos com leve tostado.

A explosão do ataque de boca é marcada pelo frescor da acidez equilibrada e dos sabores de frutas como a maçã verde e sutios toques citricos. A cremosidade marcante na boca fica por conta do forte crescimento da espuma sobre a língua. Completam as sensações gustativas a ampla intensidade de aromas de boca, a  persistência e o retrogosto de grande agradabilidade.

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