quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

CHEVAL BLANC – EM BUSCA DO MALBEC PERDIDO

Château Cheval Blanc é uma das mais sofisticadas casas vinícolas de Bordeaux, localizada em St-Émilion de onde marca presença no cume do cenário dos maiores rótulos mundiais com seu excepcional Cheval Blanc.

Tudo começou quando, em 1832, o Château Figeac vendeu uma parcela de quinze hectares de sua propriedade para Laussac-Fourcaud, área que se posicionava numa faixa de terras de solo bem pedregoso que se estende desde Figeac até os vinhedos do Château Pétrus, no Pomerol. Estes vinhedos deram corpo inicial ao Château Cheval Blanc.

Nas feiras internacionais London Exibition de 1862 e Paris Exibition de 1867, ganhou as medalhas mais importantes que passaram a fazer parte do rótulo dando-lhe o aspecto característico que se mantém até os dias atuais.


CHÂTEAU CHEVAL BLANC - UM DOS MAIORES ÍCONES DO VINHO MUNDIAL

A composição deste premiado Cheval Blanc trazia como elemento chave da qualidade a participação da casta Malbec com parcela expressiva do seu assemblage. Esta variedade também dominava a maior parte da área dos seus vinhedos.

Como no restante da França, os vinhedos de St-Émilion foram vitimados pela praga devastadora filoxera, inseto trazido com a introdução de variedades americanas na Europa com o péssimo hábito de devorar as raízes das videiras. O resgate da viticultura mundial se deu introduzindo a técnica de enxertar a variedade original sobre estacas americanas resistentes à filoxera.

Desta forma ocorreu a recomposição dos vinhedos da Cheval Blanc com as variedades originais, ou seja, Malbec, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon e Merlot. O processo se desenvolveu normalmente com todas as variedades menos com a Malbec que não repetiu como videira enxertada a excepcional qualidade de uva e não foi possível elaborar os excelentes vinhos antes da filoxera.

A busca de novo assemblage exigiu trabalho com profundos conhecimentos da arte de compor vinhos-base, evoluindo para a substituição quase total da Malbec pela Cabernet Franc, assim reconduzindo o Cheval Blanc à posição de destaque anterior.

Nesta nova fase esta propriedade permaneceu na posse da família Laussac-Fourcaud até o ano de 1998 quando foi vendida para a LVMH – Louis Vuitton Moët Hennessy, passando a fazer parte da maior galeria de grifes ícones mundiais.

Pièrre Lourton, presidente e enólogo do Château Cheval Blanc, viu-se atraído pela idéia de resgatar uma conexão concreta com o passado através da reconstituição do corte original do seu famoso vinho.

Passou a pesquisar vinhedos pré-filoxera de videiras Malbec não enxertadas até que descobriu na Argentina, província de Mendoza, cidade de Lujan de Cuyo, área de Vistalba, o vinhedo Finca de las Compuertas com quase 80 anos de idade, cuja qualidade das uvas respondia perfeitamente aos propósitos de sua busca pela Malbec pré-filoxera para resgatar a receita inicial do Cheval Blanc.


VIDEIRA DE MALBEC CAMINHANDO PARA OS CEM ANOS!

A proprietária do vinhedo era a Terrazas de los Andes, com a qual foi celebrado um acordo, o primeiro e único joint-venture da Cheval Blanc, criando a Cheval des Andes. Os vinhedos das áreas de Vistalba completados com vinhas de La Consulta deram corpo a um terroir distintivo no qual foram aplicadas as habilidades históricas do Château Cheval Blanc para resultar o vinho Cheval des Andes, um Grand Cru do Novo Mundo. Foi vinificada uma primeira versão do Cheval des Andes 1999, consolidando o resgate da participação do Malbec pré-filoxera!



Para viajar por toda essa história visitamos a Cheval des Andes, quando fomos recebidos pelo enólogo Gustavo Ursomarso que objetivamente conduziu uma degustação vertical.


O Cheval des Andes 1999, raridade histórica, foi “degustado” através da câmera fotográfica!

Começamos pelo Cheval des Andes 2002, composição 56% de Cabernet Sauvignon, 40% de Malbec e 4% de Petit Verdot, teor alcoólico de 14,3%. Cor escura no corpo e leve evolução na ponta da lente, puxado a especiarias, frutas bem maduras ou compota, encorpado, bem arredondado, equilibrado e de bom preenchimento do centro da boca. Final agradável com seus toques de taninos fortes e elegantes. Um vinho maduro.

Cheval des Andes 2005, com 60% de Malbec, 26% de Cabernet Sauvignon, 7% de Merlot e 7% de Petit Verdot, teor alcoólico de 14%. Cor escura, a lente superficial rodeada por halo colorido em vermelho rubi, explosão de frutas vermelhas e negras, cerejas, ameixas pretas e groselhas, toques achocolatados, encorpado, equilíbrio vivo entre taninos e acidez, mastigável. Final de boca prolongado com taninos resolvidos sobre traços de cassis. Um vinho vivo.

Cheval des Andes 2006, composição muito similar ao anterior, mesma graduação de álcool. Cor escura no corpo e halo com leves reflexos violáceos, frutas vermelhas e negras, cerejas e amoras, ameixas amarelas e traços de cassis, corpo com presença marcante de taninos ainda não amadurecidos, acidez saliente, carnudo, bom preenchimento do centro da boca. Final prolongado e marcado pela força dos taninos jovens. Um vinho muito jovem e que reclama tempo para amadurecer.


DESSES VINHEDOS O RESGATE DA FÓRMULA COM O PAPEL IMPORTANTE DA MALBEC.

A experiência vertical mostrou os vários estágios de evolução de um vinho destinado à guarda e o seu processo interno para atingir o melhor momento de consumo. Um vinho realmente super-premium!

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