Nos vinhedos de regiões de clima frio e seco,
a colheita pode ser atrasada para além do ponto de maturação normal e os cachos
já maduros seguem nas videiras até o início de outono e, sem apodrecimento, resultam uvas com madurez máxima. Se ainda forem mantidos nos pés para além desse ponto, oa bagas vão passar por uma fase de supermaturação que só estanca no encontro
dos frios invernais.
Esta é a máxima maturação, a partir da qual, a permanência dos cachos na videira vai resultar na desidratação
das bagas, que têm concentrados seus açúcares e elementos da polpa!
Entre outrras iniciativas, em 1794, na região alemã da Francônia foram
elaborados vinhos a partir de uvas congeladas, dando
provas conncretas da viabilidade dos vinhos. Mas um grande problema que surgiu para
manter as uvas desidratando nas videiras: o ataque de pássaros que privilegiavam o consumo dessas uvas
supermaduras, obtidas com tantos cuidados.
Outros alemães, agora em Dromershein, Rheinhessen, intrigados com a experiência programaram deixar na vindima de
1829, um maior número de cachos nas videiras, pensando somente na alimentação dos animais
silvestres durante o duro inverno da região. Dessa boa ação projetada, resultou uma grande surpresa porque nem todos os
cachos haviam sido devorados pelos animais e as uvas não atacadas permaneceram íntegras até o
congelamento, oferecendo um novo tipo de matéria-prima.
Colhidas e prensadas essas uvas, íntegras congeladas, deram origem a ums pequena quantidade de um mosto diferente, muito
rico em açúcar, que foi vinificado em fevereiro de 1830. Como o vinho da Francônia,
este era mais um vinho elaborado de uvas supertardias congeladas, porém
de qualidade reconhecidamente superior, que veio a definir um novo estilo de
vinho na hierarquia vinícola daquele país, o Eiswein.
A elaboração do Icewine começa bem antes dos cuidados da vinificação. A condução, isto é, o arranjo das videiras deve formar uma cortina vertical com altura próxima a 1,80 metros para garantir maior incidência de insolação, enquanto que a parte mais baixa, onde se desenvolverão os cachos, deve ser posicionada um pouco acima de meio metro. Os cachos devem ficar livres da presença de folhas que prejudiquem a ação dos raios solares e do calor ambiente.
A produtividade da videira tem que ser limitada abaixo dos dez cachos o que garante concentração ideal nas bagas para passar por um longo processo de desidratação no próprio pé. O raleio é drástico e vai eliminando cachos até que a produção da ideira fique em torno de um quilo.
Dependendo do produtor e do vinho do gêlo objetivado, os cachos de uva permanecem nas videiras até junho, julho e agosto (hemisfério sul) e até janeiro e fevereiro (hemisfério norte).
A condição crítica para a
obtenção das uvas adequadas para produção do vinho do gelo é a baixa temperatura no vinhedo durante a colheita,
o que vai acarretar no aumento do extrato, do corpo e do aroma do vinho. De
acordo com a latitude e a altitude do vinhedo, haverá uma extensão da insolação
durante o dia e o relativo refrescamento das temperaturas noturnas (amplitude
térmica). Nestas condições, desenvolvem-se altos níveis de componentes
aromaticamente ativos, em função da maturação dos elementos fenólicos em ritmo
bem lento, além do que a concentração de açúcar depende da temperatura durante a colheita..
Quando a temperatura no
vinhedo cai para –8°C, nível oficialmente determinado pela Vintners
Quality Alliance (Canadá), a colheita pode ser iniciada.
Nos casos extremos, as uvas
são colhidas no seu estado de pleno congelamento, idealmente entre as
temperaturas de –10 e –13°C, o que às vezes força a colheita acontecer no meio
da noite. Mas a faixa universal é mais aceita vai de – 7 a 14°C. Na Pericó, em São Joaquim (SC), quando se tem temperaturas de -7°C e poucoo menos, faz-se a colheita ocorreu.
As uvas congeladas são
prensadas quase imediatamente, sob frio extremo, freqüentemente no meio do
vinhedo, de forma a não permitir o descongelamento. Nas bagas de uva, o mosto
doce não congela, enquanto que a água permanece sólida, na forma de gelo,
durante a prensagem. Por isso, é possível recolher, separadas do gelo, gotas de
mosto doce concentrado. O processo implica baixíssimo
rendimento. Devido à grande concentração de
açúcar, a fermentação desse mosto dá-se muito lentamente, e leva meses até que se
complete numa graduação alcoólica de aproximadamente 10 a 12% de álcool.
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