terça-feira, 9 de abril de 2013

VELHO DO MUSEU - ESSE BRASILEIRO TEM HISTÓRIA!

Em 1964 ocorreu a primeira visita de Juan Francisco Carrau Pujol (1924-1981) para avaliar o potencial da região da Serra Gaucha e a qualidade de suas uvas finas então produzidas. 

Naquela época as variedades Cabernet Sauvignon e Merlot  eram escassas e os empresários pagavam por ela o mesmo valor do que para as híbridas americanas! Não havia, porisso mesmo, nenhum incentivo para o viticultor aplicar-se ao plantio delas.

Foi com seu idealismo e conhecimento histórico herdado de família que Juan Franscisco passou a incentivar um pequeno número de produtores de uva, inicialmente menos de vinte, a separar com esmero as pequenas quantidades que produziam daquelas castas nobres clássicas, pagando o preço oficial das viníferas (que ninguém pagava).
 
No seu primeiro ano de atividades no país, em 1968, em uma cantina alugada na Linha 40 em Caxias do Sul, processou pouco mais de 50.000 quilos. Embora nem tudo tenha transcorrido perfeitamente naquele ano, a boa qualidade da safra estimulou a continuidade das atividades.

A vinícola Vinhos Finos Juan Carrau, como prática familiar, sempre tem guardado parte de sua produção em estivas nas caves de suas adegas. Essa é uma prática comum entre os grandes produtores de vinhos de qualidade.
 
Para esta providência está reservado um canto de suas adegas, com características de ambiente fresco e desprovido de luminosidade, para guardar amostras dos melhores produtos elabotados, não só para permitir o desenvolvimento do vinho até sua melhor fase de aspecto, aromas e paladar, mas, também, para se estabelecer o registro das boas safras e seus responsáveis, em forma de garrafas do produto resultante
 
 Já em 1971, Juan Francisco já em sua própria adega, recebeu quase 700.000 quilos, metade Cabernet Sauvignon, metade Merlot, que foram trabalhados levando em consideração as experimentações nas safras anteriores.
 
Depois de degustar as amostras, entendeu que seria possível  dispor  de cortes muito finos das duas castas, com excelentes condições de crescerem ainda mais ao permanecerem nas estivas de garrafas. Não havia elaboração de vinhos no Brasil sob esses critérios.

Em 1986, mudando a estratégia para exploração da indústria vinícola, a família vendeu a Château Lacave para um grupo francês e Juan Luis Carrau Bononi fundou o Atelier do Vinho. localizado em Conecição da Linha Feijó, Caixas do Sul, dando continuidade à elaboração do vinho Velho do Museu.
 
Contam as testemunhas que a degustação decisória foi semelhante a tantas outras. As amostras foram alinhadas sobre um balcão de azulejos brancos, servidas em taças especiais de degustação e avaliadas apenas com luz natural.  
 
Juan Carrau, pai e filho, percorreram na degustação as amostras em silêncio e sem adiantar comentários. Uma troca de olhares mostrou que os objetivos haviam sido alcançados. Foi então que o pai declarou:
 
"Ahora es solo embotellar y estibar por do años mas...vas ver...".
 
Assim, nascia, o grande vinho Velho do Museu - Carrau 1752, um esforço de uma família com muita dedicação ao mundo do vinho.

Em 1994, foi dado início à conversão do vinhedo La Mañana, de Santana do Livramento para a agricultura orgânica. Em 1998, foi lançada a Linha Verde, de vinhos finos orgânicos.
 
Brevemente, ao longo de 2013, a vinícola estará lançando uma série de degustações verticais para comemorar os 42 anos do Vinho Velho do Museu.
   

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