Sustentabilidade é uma palavra imperativa
e indispensável para um planeta que está abrigando nada mais nada menos do que
7 bilhões de seres humanos, infelizmente, seus maiores pedradores.
O que vem a ser sustentabilidade?
A sustentabilidade é um foco de carater
sistêmico, englobando condições relacionadas com a manutenção dos aspectos culturais,
sociais, ambientais e econômicos.
Dentro desse contexto, a
vitivinicultura catarinense forma um universo ainda em evolução para condições
gerais efetivas de sustentabilidade e, dentro dele, já é possível destacar
alguns participantes com grande avanço na questão.
Uma das formas de se trabalhar
uma vinícola na direção da sustentabilidade ambiental é abandonar as práticas
tradicionais de viticultura química e avançar para a agricultura orgânica ou, mais
sofisticada ainda, para a agricultura biodinâmica.
Nas boas condições climáticas
oferecidas pelas altitudes catarinenses podem ser identificadas áreas promissoras
para a aplicação da agricultura orgânica e da biodinâmica.
Aproveitando-se dessas
potencialidades, vem trabalhando o engenheiro agrônomo e enólogo Jefferson
Sancineto Nunes, um especialista vitivinícola, na condução dos vinhedos da
jovem e pioneira Vinícola Santa Augusta, nos altos de Videira (11.04 ha) e de
Água Doce (5,53 ha).
A Vinícola Santa Augusta (VSA) é
comandada pelas primas Taline e Morgana De Nardi, que em outubro de 2010
receberam do Jefferson a idéia de iniciar
a reconversão dos vinhedos das duas propriedades para o manejo
biodinâmico, uma vez que a VSA já vinha trabalhando nos seus vinhedos com tratos
culturais de natureza orgânica.
Havia um conceito firmado no
segmento vitivinícola de que a biodinâmica seria um maneja que não iria funcionar
nas condições genéricas brasileiras.
As proprietárias da VSA vinham
implantando a preparação dos vinhedos para a máxima interpretação de cada um
dos dois terroirs, com produção equilibrada de uvas de alta qualidade para
produção de vinhos de alta gama.
Em 2011, como parte da sustentabilidade
da viticultura implantada, deram início aos trabalhos da reconversão dos
vinhedos para a filosofia biodinâmica, fazendo a aplicação do preparado PB-500
(chifre-esterco) com o objetivo claro de revitalizar os solos no outono e na
primavera.
A poda seca, o desbrote, a
desfolha, a remoção de feminelas, a desponta, a aplicação do preparado PB-501
(chifre-sílica) enfim, todos tratos culturais do vinhedo foram conduzidos dentro do período ideal
marcado pelo calendário biodinâmico.
Para o tratamento preventivo
contra as doenças fúngicas foram feitas pulverizações regulares com o uso de
chá de cavalinha e, depois, com o emprego do sulfato de cobre, produto milenar,
natural, que tem aplicação autorizada na viticultura biodinâmica.
Durante todo o ciclo vegetativo do
vinhedos o solo entre plantas foi mantido limpo por meio de capinas manuais, e
a reação das videiras acompanhada minuciosamente para identificar qualquer
problema.
Outro aspecto fundamental vem da sustentabilidade
social que diz respeito ao pessoal diretamente envolvido e as pessoas das
circunvizinhanças. A compreensão e o engajamento na causa da biodinâmica
constroem o corpo social da filosofia, reunindo esforços dos proprietários,
funcionários, vizinhos e clientes. Por exemplo, quem está dinamizando um
preparado deve cuidar de trabalhar com
quantidades, condições, diluição e mistura corretas a fim de não gerar
problemas de impacto.
Em termos de sustentabilidade
ambiental a questão fica muito clara pela redução significativa dos fungicidas
e pela eliminação do uso de herbicidas desde o início da reconversão e para
todo o sempre, elementos químicos de alta agressividade contra o ambiente e nocivos
para o próprio homem.
Em março deste anos foi feito um
acompanhamento das uvas ainda não totalmente maduras e os parâmetros técnicos
apresentaram-se muito bons. Um vinho de teste elaborado em junho com as castas
Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc, desenvolveu sua fermentação alcoólica com
cinétca de fermentação bem regular, ausência de pirazina e aroma bem frutado. O
vinho mostrou grande estrutura, taninos de qualidade, cor muito intensa.
Com esses predicados preliminares
é possível antever-se o primeiro biodinâmico brasileiro como um vinho de alta
gama que, certamente, esbanjará sustentabilidade econômica!
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