sábado, 6 de outubro de 2012

VINHO BRASILEIRO E SEUS SOTAQUES ESTRANGEIROS


As primeiras tentativas de colonização da região da Serra Gaúcha envolveram os alemães, que não se arriscaram além dos sopés da serra, porém trouxeram videiras plantadas em seus quintais. Em seguida vieram os franceses, que subiram a íngreme serra, mas não resistiram à dureza das condições locais, deixando como legado um colégio marista em Garibaldi, onde produziram os pioneiros vinhos finos de castas viníferas na Granja Pindorama. Foram eles os responsáveis por indicar à Georges Aubert o Brasil como lcal para imigrar sua vinícola completa para elaborar espumantes...


Foi pelas mãos dos vênetos que se construiu a maior província vitivinícola brasileira. Quando os imigrantes italianos escalaram as escarpas da Serra Gaúcha e passaram a povoar as ondulações do terreno, não dispondo de clima para as videiras européias, criaram o vinho nacional baseado nas castas americanas, produto que cresceu explosivamente e hoje é o vinho mais consumido no país. Eu sou uma exceção!
 
Franceses da Geoges Aubert que chegaram ao Brasil na década de 1950, de hábito, o irmão marista Pacômio, grande incentivador deste evento.
 

A produção dos rústicos vinhos de mesa de cepas americanas escoava, de início pelas cercanias da Serra, mais tarde alcançando outras cidades e estados, num sucesso nacional de mercado. Contudo, os vinhateiros nacionais mais esclarecidos nunca deixaram de tentar o lado sofisticado do vinho e foram de tímidas tentativas aumentando a presença de vinhos de qualidade vinífera. Esse caminho conheceu os espumantes Peterlongo da década de 1920, os vinhos Granja União das décadas de 1930 a 1950, os Georges Aubert na década de 1950, os Bernard Taillan na década de 1960, os originais Château Duvalier das décadas de 1970/80...
 
 

 O francês Michel Rolland, consultor internacional de vinhos
 
Tempo, talento e muito trabalho incumbiram-se das mudanças da longa viagem enológica que ocorreu naqueles sítios, somando-se conhecimentos e experiências  de muitos sotaques: Idalêncio Angheben (Brasil), Mário Geisse (Chile), Lucindo Copat (Brasil), Phillipe Mevel (França), Adriano Miolo (Brasil), Angel Mendoza (Argentina), Michel Roland (França), Clóvis Boscato (Brasil) e muitos outros artífices da entidade vinho brasileiro. Era a conjunção de esforços de muitos brasileiros e tantos estrangeiros.


 
O chileno Mario Geisse, grande difusor dos espumantes no país e dono da Cave de Amadeu.
 
Os esforços não foram em vão. Primeiramente, já ocorreu a oficialização do Vale dos Vinhedos como a primeira IGP brasileira, recentemente elevada a DOC, e o reconhecimento internacional de mais de 20 países importadores que, contrariando os detratores do vinho brasileiro, comprovam incontestavelmente a entrada do vinho brasileiro no concerto mundial da qualidade.
 
A fórmula brasileira para a qualidade mundial deu certo e percorre neste terceiro milênio com expressão atestada por mais de mil premiações em certames internacionais acreditados pela Organização Internacional do Vinho - OIV. 

Você pode se basear nos fatos e se deleitar com muitas dezenas de vinhos brasileiros de grande expressão.

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